Olá, pessoal! Estamos de volta e vamos, agora, iniciar a terceira parte do tópico Derivas Minoritárias da Geografia Maior. No final da segunda parte deste tópico, foi solicitado a vocês que acessassem ao vídeo Pensadores e a Educação: GIlles Deleuze. Depois de vocês terem assistido, debatido e analisado o conteúdo do vídeo a partir dos textos já lidos, das atividades realizadas e das eventuais pesquisas complementares que possam ter sido necessárias, vamos aqui destacar certos trechos do vídeo para trabalhar com vocês, retomando muito do que trabalhamos neste tópico, em especial o texto do Silvio Gallo, Em torno de uma educação menor: variáveis e variações (2013).
O vídeo começa apresentando rapidamente alguns aspectos da filosofia de Gilles Deleuze, destacando a ideia de que a filosofia é uma ação criativa e não uma contemplação em si. Para Deleuze, a filosofia cria conceitos, mas não os entende como respostas, e sim como uma maneira de organizar o pensamento para enfrentar os problemas e questionamentos que nos afetam, pois os problemas são antes sentidos do que propriamente pensados, e são eles que nos instigam a pensar sobre. Para que os problemas possam ser pensados, é preciso que sejam, antes, sentidos; a partir daí o vídeo adentra no problema filosófico da educação.
"Aprendizado é um encontro com os signos", essa afirmação aponta para o contexto geográfico em que o processo de aprendizagem se dá, ou seja, só aprendemos quando os elementos que nos envolvem passam a ser por nós significados, quando territorializamos a região de sentidos daquilo que nos afeta. Signos são exatamente os referenciais que elegemos para nos orientar e nos localizar em relação ao fenômeno. Caso não sejamos afetados por algum signo, o processo de aprendizagem não se efetiva, simplesmente não significamos os sentidos espaciais do fenômeno, não o localizamos em nosso referencial de vida.
Por isso, mesmo que você trabalhe com vários recursos didáticos, a linguagem cartográfica, a aprendizagem de leitura de mapa, só tomará significado para um(a) aluno(a) quando for ele(a) afetado(a) pelas condições espaciais que o levam a pensar em como se orientar num território que desconhece. Só aí ele(a) redefinirá a leitura daquele signo.
Por isso, Gallo aponta que a relação "ensino-aprendizagem" não é algo passível de controle, podemos e devemos planejar nossas ações, mas não temos como controlar os mecanismos de como elas serão apreendidas.
Outro trecho que destacamos do vídeo é o enfoque sobre a questão da educação menor.
O sentido de menor é subverter e subversar a educação maior, assim como o discurso maior da ciência. Subverter é verter a direção em outro sentido; é subversar, ou seja, dar outros sentidos ao verso (ao dito e escrito), ao que se fala e se registra como única verdade.
O interessante dessa leitura de Gallo quanto ao conceito de menor em Deleuze e Guattari é que o trabalho do(a) professor(a), quando adentra a sala de aula e fecha a porta, esse profissional tem um território a constituir por meio da instauração de uma região fundada na potência do resistir e rasurar toda grande política educacional, pois ali, naquele lugar do encontro com os alunos, toda diretriz curricular nacional e toda disciplina institucional ficam, ali, a mercê de como o professor, ou a professora, se posiciona politicamente frente à profissão, à escola e à vida.
Na solidão caótica da sala de aula, o(a) professor(a) pode ser um(a) reprodutor(a) de informações, usando de didáticas modernas para viabilizar o processo de ensino e atender aos objetivos maiores; por outro lado, o(a) professor(a) também pode, a partir dos conteúdo já definidos a priori, atualizar os devires minoritários desses referenciais maiores na direção das suas forças criativas, instituindo a busca por novas imagens de pensamento.