Como boa parte das nossas discussões se pautou em trabalhos com alunos e alunas, que discutiam o papel da imagem na elaboração de novos devires do pensamento geográfico, propomos tentar fazer o mesmo movimento. Nesse sentido, a ideia é que, em meio a tantas tecnologias digitais, façamos uso de uma ferramenta caseira para registrar imagens que permitam outra maneira de captar as formas dos fenômenos: vocês poderão elaborar uma câmera fotográfica pinhole.
Como a câmera pinhole demanda certo tempo para registrar uma imagem, e como o resultado desse registro geralmente não reproduz a forma exata, a intenção é que vocês tentem expressar de outra forma a espacialidade vivenciada e se permitam exercitar a possibilidade de elaborar novas imagens e pensamentos espaciais, como no vídeo Cores Secas em imagens da ciência (2011). Assumam o desafio e exercitem a criatividade.
Após o registro, vocês, cursistas, poderão escolher uma foto para analisar de que forma é possível fazê-la derivar em sentidos menores, isto é, significar de maneira distinta das já estipuladas como identidade territorial local pelo discurso maior da ciência geográfica e do Estado.
Apontadas algumas derivações possíveis, vocês podem compartilhar a foto com o seu grupo de curso e pedir para seus(suas) colegas analisarem o que na imagem provoca o estranhamento do sentido maior de identidade territorial.
Para auxiliar nesta atividade, indicamos um texto sobre trabalho que eu, Ivânia Marques, realizei com alunos e alunas do Ensino Médio da cidade de Americana, São Paulo. O artigo, intitulado "Desvelando a cidade", trata do registro da cidade feito por meio de câmeras pinhole e aponta como a força das imagens e da arte pode instaurar outros sentidos espaciais.
As imagens dos(as) alunos(as) não visam representar a forma nem descrever informações sobre a cidade, mas potencializam outros pensamentos espaciais. Comparem o que eles(as) fotografaram da cidade com a degradação ambiental do ribeirão do Quilombo, conforme vídeo Ribeirão Quilombo: marco zero (2008), e a proposta das professoras, em "Crescimento Urbano em Campinas: água - distribuição e poluição", que também se relaciona com a questão da poluição do Rio do Quilombo.
Tentem perceber como a produção de sentidos espaciais pode ser diferente e, a partir do que se tem de informação geral, mais ampla. Pode-se derivar sentidos enriquecedores por meio de imagens! Pensem em como podem interagir as duas formas de pensar, arbórea e rizomática, no sentido de que seus alunos e suas alunas possam fazer um estudo ambiental ou de identidade territorial e derivarem desse estudo formas minoritárias de se pensar e representar o fenômeno.