Primeiro ouça a canção Minha Alma (A paz que eu não quero) de O Rappa (1999), acompanhando sua letra. Clique na imagem para ouvir a canção e ler a letra.Fonte: O Rappa... (2012).
Agora, vamos pensar um pouco:
Qual a paz que o eu lírico afirma não querer?
Do que se pode estar falando quando se diz:
“[...]
mas não me deixe sentado
na poltrona no dia de domingo
procurando novas drogas
de aluguel nesse vídeo coagido...”
Agora assista ao videoclipe oficial da música:
Fonte: O Rappa... (2009).
Que tal pensar um pouco novamente:
O que o clipe parece denunciar? Quais sentidos ele acrescenta à sua primeira interpretação da canção? Por meio de quais recursos e linguagens?
Essa comparação nos permite observar o quanto um texto escrito ou verbal pode ganhar em sentido ou mesmo mudar seu sentido quando acompanhado de outros tipos de linguagens ou de outras formas de comunicação. É importante termos em mente que as linguagens não escritas também constroem sentidos e conteúdos: também são texto. Elas são informação por si só e podem tanto acompanhar um texto escrito ou verbal quanto comunicarem sozinhas, inclusive de forma muitas vezes mais eficiente, no sentido de conseguirmos captar a mensagem em poucos segundos.
Resposta pessoal. Uma das possibilidades é dizer que o eu lírico não quer a paz da submissão, do silêncio, da violência, da falta de liberdade. Outra possibilidade é interpretar que ele não quer a paz alienada de quem fica na poltrona da sala nos dias de domingo, assistindo à programação da TV aberta, que praticamente se resume a programas de auditório.
Resposta pessoal. Uma das possibilidades é, novamente aqui, considerar que o que está em destaque é que a programação da TV é alienante – funcionando como droga que altera a percepção da realidade. A programação é feita para divertir, entreter, passar certos valores e deixar em exposição artistas que interessam para as gravadoras, empresas de TV etc., com o objetivo explícito de consumo. Não querer “ficar sentado na poltrona no dia de domingo” pode, então, significar dizer um não ao que foi exposto acima.
Resposta pessoal. Uma das possibilidades é dizer que, enquanto a canção denuncia qualquer tipo de violência, de submissão e de privação da liberdade, o vídeo foca na violência policial. As imagens do clipe acrescentam muito ao sentido da canção, já que narram a morte de um menino que não fez nada – tão somente pegou dinheiro que caiu das mãos de um homem e o devolveu – assassinado pela polícia. Como era negro e tinha “ares suspeitos” na perspectiva preconceituosa de um policial, acabou sendo morto.
