Em todos os tempos, sabemos que a escola enfrenta desafios oriundos do modo como a sociedade se organiza, as crenças e os valores vigentes, os quais ela, como instituição de saber, pode tanto contribuir para estabelecer como para questionar e até mesmo mudar. A sociedade hoje tem como um de seus pilares estruturantes as tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) permeando o dia a dia e constituindo-se em um conjunto de possibilidades e práticas que costumamos chamar de cultura digital.
Essa cultura digital tem como forte característica uma intensa dinâmica social, organizada em redes globalizadas, que precisa conviver com a diversidade de gerações que se constituem em oportunidades culturais estimulantes para as pessoas e as organizações de um modo geral, mas também nos apresenta desafios e exigências inusitados, algumas vezes bem difíceis de serem enfrentados.
Nesse cenário, a educação se torna imprescindível como ação contínua e permanente, e as instituições que a promovem se veem diante da necessidade de reinventar-se e a cada dia rever e aprimorar suas próprias dinâmicas e competências.
“No contexto dessa sociedade, a natureza da educação e as finalidades da escola ganham uma dimensão mais abrangente, complexa e dinâmica e, em consequência, o trabalho daqueles que atuam nesse meio. O objetivo maior da comunidade educacional revela-se, portanto, o de se estabelecer uma comunidade de ensino efetivo, onde persevere, coletivamente, não somente o ideal de ensinar de acordo com o saber produzido socialmente, mas o de aprender, em acordo com os princípios de contínua renovação do conhecimento, criando-se um ambiente de contínuo desenvolvimento para alunos, professores, funcionários e é claro, os gestores.” (LÜCK, 2009, p. 16)
Trata-se, portanto, de uma cultura que se constrói e se estabelece gradativamente a partir de novas formas de pensar e agir. Você, como gestor, tem vivenciado a cultura digital e seus impactos na sua escola?
O primeiro passo necessário para compreender a realidade da gestão escolar hoje é, portanto, entender que a escola não é uma instituição que se estabelece em um campo ideal, e sim um resultado de múltiplas relações internas e externas a ela e, como tal, também recebe uma grande carga de influência da forma como a sociedade se organiza.
Cada tempo tem suas especificidades. Vivemos hoje em uma sociedade globalizada, com lógica consumista, fortes tendências individualistas, grandes desigualdades, mas que também se abre a novas visões, concepções e estilos de vida, nos oferece oportunidades nunca antes imaginadas que impactam em todas as esferas do nosso dia a dia. Em consequência disso, as questões que se apresentam à escola exigem do gestor (e também do professor e do aluno!) o exercício de múltiplas competências específicas e com complexidade crescente, demandando aprendizado constante.
A gestão escolar constitui uma importante dimensão da educação, pois é por meio dela que se observa a escola e os problemas educacionais de um modo mais global. Por essa razão, o papel da gestão requer a busca de soluções, a partir de uma visão estratégica, que integra várias dimensões, sendo intrinsecamente democrática, uma vez que se traduz pela comunicação, o envolvimento coletivo e o diálogo.
Seu fim último nos dias de hoje é a aprendizagem efetiva dos alunos, imersos numa cultura permeada pelas tecnologias digitais, que lhes propicie a construção de um repertório base para posicionamentos conscientes e críticos frente às exigências sociais de seu tempo, além do exercício pleno da cidadania, a partir da adoção de atitudes e valores construtivos.
Novamente vemos a importância do trabalho coletivo. É preciso então encontrar uma forma de envolver a participação de todos os segmentos da escola. Muitas cabeças pensando geram boas ideias, maior participação e compromisso de toda a comunidade escolar. Mas como integrar as diferentes visões dos diversos segmentos da escola no exercício da gestão?
