O Tempo
A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.
O Tempo - Mario Quintana
Mario Quintana capta com muita lucidez nossa sensação de estarmos vivendo em tempos acelerados. Por que será que hoje nos sentimos assim? Para encontrarmos pistas sobre alguns motivos dessa sensação, vamos pensar um pouco na ideia de tempo...
Estamos sempre às voltas com o tempo, quer seja para organizar nossas atividades diárias (a que horas devo ir a algum lugar?), ordenar acontecimentos (fatos históricos ou do nosso cotidiano) ou para nos comunicar (ordenar fatos ou escolher tempos verbais, por exemplo).
O tempo é também um referencial muito importante para o funcionamento de uma escola, e podemos dizer que o modo como o coletivo da escola (formado por gestores, professores, funcionários e alunos) lida com os tempos individuais e os tempos coletivos contribui para determinar as possibilidades de aprendizagem que acontecem nesse espaço.
Nara Letycia Martins Silva (2010), em seu artigo “O tempo social de Norbert Elias: uma proposta de superação ao conhecimento dicotômico do tempo”, traz uma boa argumentação para essa conversa sobre o tempo, a qual gostaríamos de expor brevemente.
A autora diz que, ao longo da história, e com o desenvolvimento das sociedades, a palavra tempo foi assumindo diferentes significados, de acordo com as necessidades práticas de cada realidade, sendo também objeto de estudo de muitos pensadores.
Ela argumenta que, do mesmo modo que a história não é universal, ou seja, um acontecimento não é experimentado e compreendido por todos da mesma forma, o tempo também não é, portanto ele pode também ser compreendido como uma construção social, conforme proposto por Norbert Elias, em sua obra Sobre o Tempo. Elias propõe o abandono da ideia de tempo como um dado imutável, algo existente, e define o tempo social tomando a experiência como aspecto primordial para sua compreensão.