Na escolha do jogo, é importante considerar que ele sempre deve se situar em um ponto de equilíbrio para evitar o tédio e a ansiedade do jogador, uma vez que tarefas difíceis demais geralmente são abandonadas por serem consideradas chatas. Assim, o desafio deve ser acessível para que, em função das suas experiências e competências, cada jogador(a) seja capaz de dominar determinadas situações e ter prazer na realização de sua atividade.
Pensando em viabilizar caminhos para a construção de práticas educativas pautadas nos jogos digitais, apresentamos a seguir algumas dicas de características e aspectos que devem ser considerados para potencializar a experiência de alunos(as) e professores(as), beneficiando a aprendizagem.
Educação Infantil: Sugerimos que os professores e professoras priorizem jogos digitais que, por meio do lúdico, estimulem o desenvolvimento psicomotor, lateralidade, organização espacial, aumento da capacidade de atenção, linguagem e raciocínio lógico-matemático etc. Nessa fase, a criança elabora uma série de estratégias para enfrentar várias situações e adversidades presentes no jogo, e acaba descobrindo que o ganhar e o perder fazem parte da vida.
Segundo o médico e psicanalista inglês Donald Winnicott, os primeiros anos de vida são essenciais para a construção da identidade pessoal da criança, pois é nessa faixa etária que ela desenvolve a capacidade de criar, imaginar e inventar. Em outras palavras, as crianças têm a oportunidade para o exercício da simbolização, uma característica essencialmente humana. Para saber mais sobre alguns desses jogos, acesse o link.
Ensino Fundamental I: recomendamos jogos de simulação que proporcionem busca de informação tanto dentro como fora do jogo, assim como a capacidade de estabelecer planos e organização dos recursos. Estimulam-se dessa forma a autonomia e a capacidade do(a) aluno(a) para estabelecer critérios e avaliar resultados. Para saber mais, veja a entrevista Game Educa.
Ensino Fundamental II: os jogos digitais mais indicados são os de estratégias e de simulação, pois favorecem habilidades tanto de organização como de análise, além de trabalhar a tomada de decisão mediante possíveis soluções.
Ensino Médio: sugerimos a utilização dos jogos digitais que desenvolvam o raciocínio lógico e a capacidade para avaliar hipóteses e planejar estratégias. Deve-se escolher jogos que possibilitem também discutir valores e temas tais como tolerância, respeito, responsabilidade, violência, racismo, dentre outros.
O ato de jogar constitui-se como um modo de aprender e desenvolver-se, sobretudo para crianças e adolescentes, que têm oportunidade de vivenciar a experiência de reconstruir o cotidiano e simbolizar a vida. Trata-se de uma experiência marcante que, por isso, produz nos jogadores o interesse por repeti-la.
Apresentamos a você a entrevista com o professor Francisco Tupy, pesquisador da área dos jogos digitais que propõe uma discussão muito interessante sobre como podemos repensar os games para a educação.
Francisco Tupy coloca que os videogames são instrumentos e precisam ser reconhecidos como tal, para então podermos compreender seu funcionamento.Outro apontamento feito por Tupy diz respeito às transformações no desenvolvimento da motricidade fina de muitas crianças e adolescentes. Essa habilidade tem se mostrado fundamental para a execução das atividades de diversos profissionais, como os cirurgiões e pilotos de avião. Nas últimas décadas, o desenvolvimento da motricidade fina passou a ser percebido nas novas gerações, mostrando assim sua relação direta com a utilização dos videogames como responsável por tal aprendizado.
Para Francisco Tupy, os jogos digitais desempenham e desempenharão papel fundamental na aprendizagem das crianças e adolescentes, por estimular a busca de conhecimentos e saberes, além de alimentar o interesse pelo uso, aprendizado e domínio das tecnologias, utilizando-as de forma inventiva.