Para iniciarmos essa discussão, lançamos o seguinte questionamento: o que significa contextualizar? Por que este termo vem sendo tão valorizado nos discursos referentes à Educação? Como e por que é importante que haja a contextualização no ensino?
Ao buscarmos uma explicação nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN's), documentos que têm sido propostos como orientadores das práticas educacionais brasileiras nos últimos quinze anos, podemos perceber que, já na introdução do documento, a questão da contextualização vem atrelada ao tratamento interdisciplinar das áreas de conhecimento. Dessa forma:
"Se é importante definir os contornos das áreas, é também essencial que estes se fundamentem em uma concepção que os integre conceitualmente, e essa integração seja efetivada na prática didática. Por exemplo, ao trabalhar conteúdos de Ciências Naturais, os alunos buscam informações em suas pesquisas, registram observações, anotam e quantificam dados. Portanto, utilizam-se de conhecimentos relacionados à área de Língua Portuguesa, à de Matemática, além de outras, dependendo do estudo em questão. O professor, considerando a multiplicidade de conhecimentos em jogo nas diferentes situações, pode tomar decisões a respeito de suas intervenções e da maneira como tratará os temas, de forma a propiciar aos alunos uma abordagem mais significativa e contextualizada." (BRASIL, 1997, p. 44).
O que parece claro é que, quando pensamos em contextualização no ensino de Ciências, pensamos também nos conteúdos e nas metodologias a serem trabalhados, e na maneira como estes podem ser associados às nossas vivências e às vivências de nossos estudantes.
Para respeitados autores que fundamentam suas ideias nas teorias da aprendizagem baseadas em diversos conceitos construtivistas e sociointeracionistas, a necessidade de contextualização dos conteúdos surge da compreensão de que a construção do saber dos estudantes tem como base suas experiências e conhecimentos prévios, definidos histórica e socialmente.
Assim, o novo conhecimento é mais facilmente internalizado quando os estudantes conseguem perceber a relação com outros conhecimentos, com sua vida e com o contexto de sua produção.
Ainda nos PCN's, encontramos muitas referências sobre diferentes abordagens de conhecimentos. Uma dessas abordagens é proposta por Ausubel, que escreve sobre Aprendizagem Significativa:
“O conceito de aprendizagem significativa, central na perspectiva construtivista, implica, necessariamente, o trabalho simbólico de ‘significar’ a parcela da realidade que se conhece. As aprendizagens que os alunos realizam na escola serão significativas à medida que conseguirem estabelecer relações substantivas e não-arbitrárias entre os conteúdos escolares e os conhecimentos previamente construídos por eles, num processo de articulação de novos significados.
Cabe ao educador, por meio da intervenção pedagógica, promover a realização de aprendizagens com o maior grau de significado possível, uma vez que esta nunca é absoluta — sempre é possível estabelecer alguma relação entre o que se pretende conhecer e as possibilidades de observação, reflexão e informação que o sujeito já possui.“ (BRASIL, 1997, p. 38).