O desenvolvimento da ciência gera, a cada momento, novas subdivisões disciplinares, o que acaba por acarretar a fragmentação das explicações sobre os fenômenos. Mas, pensando em seu ensino, até que ponto essa fragmentação se torna interessante? Ela, de fato, auxilia os estudantes no entendimento dos conceitos científicos?
Nos conteúdos da Ciência relacionados ao corpo humano, por exemplo, o modelo tradicional de ensino, centrado nos conceitos organizados de maneira compartimentalizada, acarreta uma deficiência na compreensão do funcionamento integrado dos sistemas no organismo. Com isso, podemos explicar algumas visões que estudantes estabelecem relacionadas, por exemplo, ao funcionamento do coração como uma bomba.
Dessa forma, o ensino de Ciências enfrenta a dificuldade relacionada à representação e compreensão de fenômenos complexos de maneira integrada. Delizoicov et al (2007) ressaltam que a acelerada produção de informações não permite, por questões temporais, que todos os conteúdos sejam abordados na educação científica.
Isso acarreta no desafio em definir critérios para a seleção de conteúdos, tendo em vista a grande quantidade de informação e a produção acelerada de novos resultados e técnicas que tornam os conteúdos das Ciências desafiadores para o ensino.
De maneira geral, seguimos os livros didáticos como principais referências e aportes para o ensino. Porém, pouco nos questionamos a respeito do modo pelo qual os conteúdos são selecionados tanto por áreas específicas quanto por ano de ensino.
Outra questão importante é que, de maneira geral, ao analisarmos os livros didáticos, podemos perceber que eles relacionam de modo limitado as subdivisões disciplinares (Fisiologia, Ecologia, Zoologia, Citologia etc.), que, no contexto da produção científica, foram divididas para um melhor entendimento da área. Assim, pouco podemos esperar por uma possível relação que esses conteúdos fragmentados, mesmo dentro das Ciências, possam ter com outras áreas disciplinares.
A relação do coração como uma bomba pode ser considerada uma analogia utilizada no ensino de Ciências. Alguns trabalhos discutem um pouco mais os aspectos positivos e negativos desse tipo de abordagem. Para entender melhor essa discussão, acompanhe os artigos a seguir:
