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Tópico I – Lugar, Paisagem e Território

Diferentes Paisagens

 

Cursistas, vamos pensar um pouco sobre a constituição da Geografia como ciência, ou melhor, sobre sua evolução epistemológica. Você já imaginou como eram pensadas e produzidas as representações de diferentes paisagens pelos(as) primeiros naturalistas? Como eles(as) analisavam as paisagens? No processo histórico da Geografia, a paisagem sempre esteve presente, ora como objeto de estudo, ora como meio para ele.

 

Pela pintura de Friedrich Georg Weitsch, que ilustra Humboldt e Bonpland, podemos vislumbrar o processo histórico através do qual a Geografia moderna consolidou-se como ciência empírica. Esse processo não se deu sem conflitos, ele ocorreu em um período de questionamentos amplos e reformulações sobre o conceito de ciência. A Geografia sofreu ataques e teve sua credibilidade questionada pela elite científica do século XVIII, quando surgiu o princípio de que ela não só estuda o natural, mas inclui sempre a humanidade em suas análises. Esse período foi crucial para a constituição da disciplina como a conhecemos hoje. 

Alexander von Humboldt e Aimé Bonpland ao pé do Chimborazo, Friedrich Georg Weitsch (1810)

 

"A visão que desenvolve a geografia é aquela do observador diante da paisagem. Essa opera uma triagem entre os objetos presentes na superfície do Globo. Num primeiro tempo, sua atenção se volta para aqueles que são suficientemente grandes para serem claramente visíveis: o pesquisador se interessa pelos movimentos do campo, os regatos, riachos e rios; ele leva em consideração as plantas [....]. O geógrafo anota as culturas, as fazendas e seus edifícios de explorações, os vilarejos, as vilas ou as cidades. Ele indica as condições atmosféricas que lhe parecem prevalecer." (CLAVAL, 2011, p. 63).

 

 

Podemos citar novamente Claval (2011, p. 62), ao afirmar que “A geografia é uma ciência da observação. Aquele que a pratica, ama andar, olhar ao redor, cheirar os odores e sentir a atmosfera; é também um homem de contato, sempre pronto a interrogar as pessoas e a escutá-las”. Analisando a imagem reproduzida acima, podemos observar a inclusão do humano na paisagem. Em sua parte esquerda, pessoas são vistas e pode-se perceber algo sobre seu modo de vida, que se apresenta incluso no ambiente, quer dizer, podemos acessar, através da imagem, diferentes objetos de análise da geografia daquele período, inclusive a relação entre o que é humano e o que é natural.

Um ponto interessante a ser indicado é que, ao observar as pinturas dessa época, de modo geral, quase nenhuma incluía pessoas comuns na paisagem. Como comentam Lenzi et al. (2006, p. 209), “aprender a olhar reparando no mundo, eis uma questão fundamental para o homem contemporâneo [...] neste período da história denominado como romantismo o homem e sua vida sofrida não eram expostos nas imagens de arte [...].”

Uma ciência humana como a Geografia, assim como seus métodos de análise, compreende que a paisagem inclui realidades do passado e do presente, realidades que representam um mundo dinamizado por redes e relações cada dia mais complexas, dinâmicas e mutáveis.

 

 

 
a Refletir

Neste momento, convidamos vocês para uma excursão pela Epistemologia da Geografia e pelo ensino de Geografia escolar contemporânea. Gostaríamos de saber como você, professor(a), trabalharia o conceito de paisagem utilizando as imagens históricas presentes no contexto do surgimento da Geografia moderna. Como você proporia a análise da obra Alexander von Humboldt e Aimé Bonpland ao pé do Chimborazo em suas aulas? É possível trabalhar o conceito de paisagem através de imagens como essa? Que destaque você daria para as TDIC nessa proposta?

 

 

Hora de Compartilhar

Analise algumas imagens de seu atual livro didático e observe se existe algo que mencione o processo de formação da Geografia como ciência. Em seguida, compartilhe sua observação com seus(suas) colegas. Se você tivesse a missão de desenvolver uma imagem que abordasse essa temática, como seria tal imagem? Seu(sua) formador(a) irá auxiliá-lo(a) quanto à melhor maneira de fazer esse compartilhamento.

Esse desafio tem como objetivo pensarmos um pouco sobre a relação entre a Epistemologia da Geografia e o ensino. Dessa forma, esperamos que vocês compartilhem de nossa ideia: inclusão e disseminação da Epistemologia da Geografia no ensino escolar fundamental. 


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