A escrita e, depois, o impresso podem ter afastado da música a poesia valorizada (canônica), mas o mesmo não aconteceu com a poesia popular. Isso é testemunhado pelos repentes, emboladas, desafios de maracatu e coco do Nordeste brasileiro, e pela canção popular brasileira. Vejamos o que os repentistas brasileiros têm a dizer sobre isso no acervo chamado Poetas do Repente, composto por 19 vídeos, disponíveis no site Domínio Público.
O poeta cantador diz que a poesia é “imagem que a gente amarra com dez cordas de viola” e que “não se aprende na escola”. Com base no vídeo ao lado, reflita sobre quais outras falas interessantes você pode usar com seus(suas) alunos(as) em sala de aula.
Fonte: Poetas... (2010).
Para o cantador, “poesia a gente amarra com dez cordas de viola”. Já para o poeta Fernando Pessoa:
“A poesia é a emoção expressa em ritmo através do pensamento, como a música é essa mesma expressão, mas direta, sem o intermédio da ideia.
Musicar um poema é acentuar-lhe a emoção, reforçando-lhe o ritmo."
(PESSOA, 1966, p. 73)
Poema e canção têm em comum o ritmo: um, o ritmo da fala, ou das ideias, como quer Fernando Pessoa; a outra, o ritmo da percussão e do andamento da melodia. O ritmo é o tempo de repetição e divisão de um som. Na fala e no poema, ele é dado pelo acento, pela toada e pela divisão das palavras que soam “carregadas de sentido”, como diz o Grupo Rumo, nesta canção genial, chamada “Ah!”.
Vejamos a canção “Minha viola” de Noel Rosa, para analisar a toada, o ritmo e a divisão dos versos.
Como você descreveria as propriedades poéticas e musicais dessa canção?