A ideia de podermos entender o jogo como narrativa, ou seja, como gênero que carrega discursos, pode ser um poderoso aliado do(a) professor(a): por um lado, aproxima docentes e alunos(as) por meio da linguagem lúdica que lhes é peculiar e, por outro, possibilita o desenvolvimento de um olhar crítico sobre os jogos de hoje, uma vez que existem games excelentes, tanto quanto à sua concepção quanto à sua estética (dos gráficos, do enredo, do conceito), perdidos entre materiais supérfluos, comerciais por excelência e sem jogabilidade expressiva. Nesses últimos casos, o que se apresenta são histórias vazias, muitas vezes excessivamente violentas e com péssima qualidade gráfica ou narrativa. Logo, também é necessário o desenvolvimento de uma “leitura crítica” dos games. A figura de um professor(a) mediador(a) que ajude os(as) alunos(as) na leitura crítica desse material é fundamental no atual cenário tecnológico em que vivemos.
Ao longo de sua história, os jogadores de videogame criaram uma espécie de subcultura, cujas práticas incluem a coleção de objetos raros, o uso de fantasias (cossplay) e a incorporação de papéis em jogos de representação (os jogos de RPG).
Tornar-se gamer é imergir em uma comunidade linguística geek (como eles se autodenominam) repleta de jargões, siglas e códigos específicos.
Termos de língua inglesa como quest, sidequest, HP, MP, noob, walkthrough e tantos outros formam uma língua própria que dá identidade ao grupo de jogadores. Para uma brevíssima introdução, quest e sidequest são termos relacionados à narrativa do jogo propriamente. Quest seria a narrativa principal, pela qual o jogador precisa passar com seu protagonista e seus auxiliares, caso queira concluí-lo. Já as chamadas sidequests são histórias paralelas, que contam detalhes desconhecidos da vida das personagens que participam da história, podendo ainda expressarem curiosidades ou fatos que envolvem missões não essenciais para se chegar ao fim do jogo.
Noob é como se chama o(a) jogador(a) iniciante que não sabe direito como jogar um determinado jogo. Walkthrough também é um desses dialetos próprios dos gamers e se trata de um registro visual feito pelo jogador(a). Se estou começando a jogar e me perco na trajetória do jogo, recorro a um walkthrough: um vídeo explicativo, de um jogador mais experiente, que eu posso utilizar para guiar-me.
Esses trabalhos de walkthrough costumam ser bem simples: filma-se a tela do jogo enquanto uma voz em off narra o que acontece na história do jogo e quais ações o(a) jogador(a) deve empreender para continuá-la.
Veja um exemplo de vídeo, narrado por um adolescente, que mostra a cena em que o herói da história, Link, caminha para visitar o Templo do Tempo, onde acabará tornando-se adulto precocemente para salvar seu povo. Clique na imagem para acessar o walkthrough.
Fonte: Detonado... (2011).
Veja um exemplo de walkthrough sobre como jogar em uma das primeiras fases do jogo Zelda: Ocarina of Time – Master Quest.
Você pode acessar também outros exemplos de vídeos no canal do YouTube, como o Domínio de Zelda.
Fonte: Domínio... (2012).
Depois de conhecer essas referências, agora é a sua vez de contar uma história! Que tal revisitar sua memória, por meio de um registro reflexivo, à procura de um jogo eletrônico que tenha marcado você e, a partir disso, produzir um walkthrough? Para isso, pontuamos algumas questões que podem ajudar você a pensar e organizar a narrativa da história.
Então, mãos à obra!