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Tópico III - Multiletramentos na Esfera Artístico-Literária

O Quadrante e as Recriações Literárias de Luiz Fernando Carvalho: Reações Contemporâneas a Lavoura Arcaica

 
 

Luiz Fernando Carvalho, arquiteto e literato por formação, coordena um projeto de resgate audiovisual de uma formação da identidade brasileira partindo de referências literárias.

Esse trabalho, chamado Quadrante, está focado num aspecto biográfico de recomposição de sua figura materna, como ele relatou em entrevistas, e passa por novelas e minisséries globais que tratam da cultura popular e da tradição oral brasileira, como Renascer (1993) e Hoje é dia de Maria (2005). Também atravessa a literatura portuguesa, na minissérie Os Maias (2001), adaptação de obra homônima de Eça de Queiroz, e tem seu apogeu e apoteose lírica no grandioso Lavoura Arcaica (2001), longa metragem premiado internacionalmente e que o autor caracteriza como uma “reação” ao romance Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar.

Se anteriormente falamos sobre poesia e agora sobre prosa, chegamos a uma parte do Tópico em que trataremos de um híbrido dessas duas formas: a prosa poética. Tal gênero foi muito bem explorado na literatura moderna brasileira em nomes como Clarice Lispector e Raduan Nassar.

Lavoura Arcaica conta a história de André, filho de uma tradicional família libanesa, que decide sair de sua casa, no interior, para morar numa pensão na cidade.

 

Na narrativa, seu irmão mais velho, Pedro, vai buscá-lo e o interroga sobre os motivos de sua partida. Pedro acaba descobrindo as marcas no corpo de André, que lhe conta de sua paixão incestuosa pela irmã, dos modos autoritários do pai e de sua sensibilidade sem lugar na família.

Uma densa e cortante crítica às relações familiares, esse romance, focado no olhar da protagonista, foi a grande e última obra de Raduan, que desistiu da literatura após publicá-la.

Não se pode ler essa obra ingenuamente. Além disso, uma das leituras possíveis é aquela que interpreta que a relação entre pai e filho também representa as relações entre povo, poder e Estado. Há uma abordagem política: à esquerda e à direita do pai. Um dos trechos mais grandiloquentes da narrativa é o embate da noção de tempo marcada por André para combater a visão de seu pai.

Assista a um videoclipe, feito para um trabalho de conclusão de curso de cinema, apelidado de Antropofagia Fotográfica, com uma transposição de um trecho em que Raul Cortez declama a obra. Clique na imagem para acessar o vídeo.

Fonte:  Tempo (2008).

 


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