Entre os muitos questionamentos de educadores(as) em relação ao ensino atual, um dos debates recorrentes se dá no campo dos estudos sobre processos metodológicos e didáticos, de como se pode ensinar e de como se pode aprender. A interação entre os processos de ensino-aprendizagem deixou de ser dicotômica para ser una, no sentido de que tais processos reforçam a cognição.
Partindo-se da ideia de que a educação escolar é temporal e cultural, é notório achar que tais variáveis estejam ligadas diretamente aos processos de ensino-aprendizagem.
Celulares, tablets, netbooks, entre outras tecnologias de informação, estão disponíveis ao acesso dos(as) estudantes e dos(as) professores(as); porém, em muitos casos, faltam informação e formação para saber como integrar essas tecnologias nos processos educacionais. Assim, existem movimentos visando adequá-las ao ambiente escolar.
Entretanto, devido aos intensos discursos e debates sobre as formas e as maneiras da utilização da tecnologia disponível em prol da educação, quando seu uso é finalmente permitido, já se encontra desatualizado e sem atrativo para os alunos e alunas. Nesse intervalo de discussões entre educadores(as) e gestores(as), os(as) estudantes já utilizam tecnologias mais atuais e com design mais interessante, resultantes do rápido avanço tecnológico.
O aprendizado de uma linguagem de programação possui o mesmo caráter do aprendizado de disciplinas como a Química, a Matemática, a História, entre outras, porém com um diferencial: ela acompanha a tecnologia em tempo real.
O conhecimento de uma linguagem de programação dentro do ambiente escolar ainda não é muito discutido e/ou debatido e, quando existe, encontra-se dentro do ambiente técnico, restrito a poucos.
Pensar na possibilidade de ensino-aprendizagem de uma linguagem de programação ainda na fase escolar, como uma disciplina comum, certamente seria um ponto diferencial.
Isso poderia enriquecer o aprendizado, pois todos(as) iriam interpretar as formas como aprenderam aquele determinado conteúdo, mas de maneira a não somente dominar a “roupagem da tecnologia”, e sim sua programação também.
A quanta atividade cognitiva um(a) estudante se submete para aprender a somar 2 + 2? E para fazer a mesma atividade utilizando uma linguagem de programação, para que o computador interprete e mostre como isso seria possível? Certamente, a carga cognitiva é muito maior para fazer com que o computador interprete os comandos e informe o valor de 2 + 2.
Para um humano: ao ensinar uma criança a contar, partimos em seguida para as operações básicas da Matemática na seguinte sequência: soma, subtração, multiplicação e divisão. Se pegarmos uma criança que já saiba contar e começarmos a ensinar a operação da soma, podemos fazer o seguinte: colocar primeiramente dois palitinhos para uma criança e pedir a ela para contar. Certamente ela dirá dois. Se pedirmos para ela colocar “mais” dois palitinhos e, em seguida, solicitarmos-lhe que conte todos os palitinhos dispostos, ela virá com o valor 4.
Para um computador: o processo não parece tão simples. Por mais que o algoritmo esteja pronto, é necessário que o usuário programador conheça as ferramentas necessárias para que o computador interprete a linguagem e responda conforme a ação indicada.
Mas qual seria a serventia de aprender a programar um computador se existem softwares no mercado para minhas necessidades? A resposta para uma possível indagação nesse sentido seria de que o enriquecimento do aprendizado lógico-matemático é extremamente útil para diversas área do conhecimento, tanto em nossos dias quanto para o futuro. É só perceber a importância dos primeiros programadores de computadores do século passado para nossas tecnologias atuais.
Eles simplesmente ditaram o que os outros deveriam adquirir ou fazer com seus “brinquedinhos” tecnológicos. Até mesmo como aprender e o que aprender e ainda, nos deixaram reféns da sua própria tecnologia.
O aprendizado de uma linguagem computacional pode até parecer inútil de início, porém, no decorrer do tempo, mostra-se como uma forma viável e prática de aprender com facilidade uma infinidade de conteúdos.