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Tópico IV – Integração das TDIC nas Escolas: O que Professores(as) e Alunos(as) Precisam Saber?

Saberes Necessários aos(às) Professores(as) na Integração das TDIC nas Escolas: O Modelo TPACK

 

O modelo TPACK fornece-nos uma estrutura conceitual para a análise dos processos de formação de professores(as). Por exemplo, se analisarmos o perfil de nossos cursos de formação inicial, as Licenciaturas em geral, percebemos que a grande maioria teve maior ênfase na dimensão disciplinar (CK); a dimensão pedagógica disciplinar (PCK) está presente, mas com menor intensidade; e há pouca ênfase às dimensões que envolvem o saber tecnológico (TK, TCK, TPK e TPACK). Em geral, as dimensões TK e TPK são tratadas, mas há insuficiente ênfase nas dimensões TCK e TPACK.

Se analisarmos a dimensão TCK, o conhecimento tecnológico disciplinar, concluiremos que ela é essencial para chegarmos à integração desenhada na dimensão TPACK, afinal aquela ajuda-nos a entender como as tecnologias digitais vêm afetando cada campo de conhecimento, e essas mudanças refletem-se nos currículos das disciplinas.

Analisemos brevemente as disciplinas de língua portuguesa e matemática, por exemplo. Na língua portuguesa, além das mudanças correntes nos modos de interação, a escrita e a leitura digital estão alterando a própria estrutura linguística de nosso idioma (vejam-se os hipertextos). Hoje, “... a escrita ocupa espaços antes reservados para as interações orais.” (RICARTE, 2001). A convergência tecnológica que incorpora textos (escritos e orais) e diferentes recursos audiovisuais, como fotografia, som e vídeo, permite novos modos híbridos de escrita e leitura. Ser letrado(a) sempre significou conhecer também os modos de operar do suporte de produção dos textos, pois eles mudam dependendo do seu suporte.

Na matemática, do mesmo modo, os ambientes gráficos dinâmicos estão, entre outras coisas, mudando a geometria e seu aprendizado. Há novas geometrias surgindo e novas maneiras de aprendê-las. As linguagens formais e simbólicas, presentes na manipulação das interfaces de software, nas linhas de comandos e de entrada de dados promovem o desenvolvimento do pensamento lógico formal, constituindo-se numa hibridização entre as linguagens naturais, as linguagens computacionais e a linguagem algébrica.

 

A dimensão TPACK só se realiza a partir do domínio de todas as outras, mas é, por sua vez, diferente de todas, pois requer a compreensão:

  • da representação de conceitos usando tecnologia (TCK);

  • das técnicas pedagógicas que usam construtivamente as TDIC para ensinar (PTK);

  • do que faz um conceito ser difícil ou fácil de aprender (que depende muito do modo de representação utilizado) (PCK);

  • de como a tecnologia pode ajudar a resolver os problemas que os(as) alunos(as) enfrentam (PTK);

  • dos conhecimentos prévios dos(as) estudantes (teorias epistemológicas específicas para cada conteúdo) (PCK);

  • de como as tecnologias podem ser usadas para construir um determinado conhecimento, para desenvolver novas epistemologias ou fortalecer as estabelecidas (TCK).

 

 

Cada situação de aprendizagem será, então, uma combinação específica de todos esses fatores. Assim, os(as) professores(as) precisarão desenvolver compreensões em todos esses domínios.

“[...] mas também sobre o modo como esses domínios se interrelacionam com o contexto, para, então construir soluções efetivas. Se considerarmos então o modelo TPACK como uma estrutura para a construção do conhecimento profissional, o entendimento do que é necessário para ensinar com tecnologia envolve tipos de conhecimento profundos, flexíveis, pragmáticos e cheios de nuances." (KOEHLER; MISHRA, 2009).

Assim, a busca pela visão integrada da tecnologia, da pedagogia e da disciplina não é uma caminho reto e simples.

Como reflexão final deste estudo do modelo TPACK, podemos usá-lo para analisar o programa ProInfo nas suas diversas etapas. O programa foi criado para cobrir lacunas dos cursos de graduação na formação inicial de professores(as). Por meio da parceria com os governos estaduais e municipais, conta com o apoio da rede de formação que é composta de centenas de Núcleos de Tecnologias em todo o Brasil. Esse programa já ofereceu oportunidades de formação profissional a milhares de professores(as) e é bastante conhecido dos(as) educadores(as) do país.

Convidamos você para discutir e pensar conosco sobre o ProInfo, buscando relacionar as diretrizes do programa nas suas diferentes épocas com as dimensões da proposta TPACK, refletindo se concorda com as seguintes afirmações que fazemos abaixo.

  • Se consideramos que a rede ProInfo trata da formação continuada de professores(as) já em exercício, podemos concluir que as dimensões PK, CK e PCK não são seu foco.

  • Nos anos iniciais da implantação do ProInfo (década de 90), a ênfase principal de suas formações foi a dimensão TK, uma vez que a maioria dos(as) professores(as) tinha pouca familiaridade com as tecnologias.

  • No ano de 2007, o programa foi reformulado e ampliado pelo Decreto n° 6.300/2007 (BRASIL, 2007), quando se buscou articular de modo mais amplo e integrado diversas iniciativas de inserção do uso das TDIC nas escolas. A partir dessa reformulação, foram criados os materiais para os três cursos básicos de aperfeiçoamento (“Introdução à Educação Digital”, “Ensinando e Aprendendo com as TIC” e “Elaboração de Projetos”), que agora foram acrescidos de mais um módulo “Redes de Aprendizagem”. Naquele momento, as dimensões TPK ganharam destaque, mas a dimensão central TPACK não foi atingida, pois ainda estava ausente a dimensão TCK.

  • O Curso de Especialização Educação na Cultura Digital, lançado em 2014,  busca dar conta de todas as dimensões do modelo TPACK.


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