Para bem assumir as responsabilidades com esse projeto de educação de qualidade nas escolas como um direito de todos(as), cabe-nos buscar compreender o que está acontecendo neste momento com os(as) professores, os(as) jovens, as crianças e a comunidade escolar e, ainda, como nossas/suas vidas estão sendo afetadas pelas mudanças trazidas pela cultura digital. Essa clareza pode propiciar uma atuação mais efetiva de projetos pedagógicos que levem nossas escolas a ocupar o papel de protagonistas que lhes cabe na urgente e permanente reconstrução do projeto da sociedade que desejamos.
Queremos destacar que mesmo que este seja um momento de crise, não deve ser um momento de ceticismo, mas sim de esperança. Pois, como nos lembra Freire, a esperança é nossa necessidade ontológica.
“A desesperança nos imobiliza e nos faz sucumbir no fatalismo. [...] Desesperança e desespero são consequência e razão de ser da inação ou do imobilismo. [...] Uma das tarefas do educador ou educadora progressista, através da análise política, séria e correta, é desvelar as possibilidades, não importam os obstáculos, para a esperança [...] com amor, sem o que não há esperança.” (Freire, 1992, não paginado).
A esperança em Freire não é uma esperança ingênua, que apenas espera, sendo esta tão imobilizadora quanto a desesperança. A esperança a que nos referimos acredita que a realidade pode ser mudada a partir da ação refletida dialeticamente com os(as) outros(as). Ela põe a realidade em movimento, esmiuçando-a, admirando-a, objetivando-a para conhecer as razões por trás do que somos e fazemos. Após descobri-las, identifica os caminhos e as alternativas possíveis para as mudanças. Paulo Freire chama essa esperança de esperança crítica, pois ela mobiliza e conscientemente projeta e determina possíveis mudanças almejadas. O inédito desejado e viável.
Mais do que tudo, essa esperança implica acreditar nas pessoas, construir um olhar positivo sobre nossas capacidades de encontrar os inéditos viáveis e também sobre a capacidade dos(as) outros(as), neste caso, especificamente, estudantes, colegas professores(as), gestores(as) e comunidade escolar.
Como diria o poeta e músico Gonzaguinha: