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Tópico I – Escola e Cultura Digital: Admirações

O Papel das Redes Sociais na Construção dos Movimentos Sociais

 

Brasil, junho de 2013: milhares de pessoas, em sua maioria jovens, estão nas ruas exigindo mais qualidade dos serviços públicos e o fim da corrupção no uso dos recursos desses serviços. Um dos momentos emocionantes desse episódio ocorre no dia 17 de junho de 2013 e pode ser visto no vídeo disponibilizado nesta página.

Como isso tudo começou e onde?

O estopim das manifestações foi a violenta repressão da polícia militar às passeatas organizadas pelo Movimento Passe Livre em várias cidades brasileiras. Num primeiro momento, houve também rechaço às manifestações por parte da grande mídia ao tratar os manifestantes como vândalos, isso gerou outra onda de indignação que se espalhou pelas redes sociais. Em seguida, a revindicação deixou de ser apenas pelo transporte público e abarcou questões mais abrangentes. Das redes sociais, a manifestação saiu para as ruas, transformando-se no maior movimento popular contestatório do Brasil desde o movimento pelo impeachment do Presidente Collor, em 1992.  

 

 

O papel fundamental das redes sociais neste movimento é inegável. Se dermos uma olhada pelo resto do mundo, verificaremos que elas estão cumprindo papel semelhante em outros cantos de nosso planeta, pois há muitos episódios semelhantes. Em 2013, foi lançado o livro Redes de indignação e esperança, de Manuel Castells, que faz referência a várias dessas manifestações.

“Movimentos sociais conectados em rede espalharam-se primeiro no mundo árabe e foram confrontados com violência assassina pelas ditaduras locais. Vivenciaram destinos diversos, incluindo vitórias, concessões, massacres repetidos e guerras civis. Outros movimentos ergueram-se contra o gerenciamento equivocado da crise econômica na Europa e nos Estados Unidos, por governos que se colocavam ao lado das elites financeiras responsáveis pela crise à custa de seus cidadãos: Espanha, Grécia, Portugal, Itália (onde mobilizações de mulheres contribuíram para pôr fim à bufa commedia dell'arte de Berlusconi), Grã-Bretanha (onde a ocupação de praças e a defesa do setor público por sindicatos e estudantes se deram as mãos) e, com menos intensidade, mas simbolismo semelhante, na maioria dos outros países europeus. Em Israel, um movimento espontâneo com múltiplas demandas tornou-se a maior mobilização de base da história do país, obtendo a satisfação de muitas de suas reivindicações. [....] Em todos os casos, os movimentos ignoraram partidos políticos, desconfiaram da mídia, não reconheceram nenhuma liderança e rejeitaram toda organização formal, sustentando-se na internet e em assembleias locais para o debate coletivo e a tomada de decisões.” (CASTELLS, 2013, p. 9).

 

 

 

 

Vejamos como Castells concebe o surgimento desses movimentos sociais e o papel das redes em sua organização coletiva e participativa e na materialização de alternativas de mudança.

 

 

Essa perspectiva sobre a importância das redes sociais também é compartilhada por Leonardo Boff, em seu blog.

“Nutro a convicção de que a partir de agora se poderá refundar o Brasil a partir de onde sempre deveria ter começado, a partir do povo mesmo que já encostou nos limites do Brasil feito para as elites.” (BOFF, 2013, não paginado).

Boff prossegue alegando que o ideal democrático de ir além da democracia delegatícia ou representativa e chegar à democracia participativa, que sempre esteve presente no ideário dos movimentos sociais, agora tem o instrumento que lhes faltava: “Eis que esse instrumento nos foi dado pelas redes das várias mídias sociais. Elas são sociais, abertas a todos”. (BOFF, 2013, não paginado).

 

Composição de imagens produzida pela Equipe de Produção e Desenvolvimento com base nas fotografias publicadas por Ninja (2014).


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