Vamos tentar olhar um pouco mais de perto as características da cultura digital, que Henry Jenkins prefere chamar de “cultura da convergência”. Nos seus livros, esse autor também se declara um otimista, não um otimista ingênuo, mas sim um otimista crítico. De início, ele explica que prefere o termo “convergência” em vez de “digital”, destacando que essas tecnologias são de fato mídias, ou seja, são suportes para a produção e veiculação de mensagens – são meios de comunicação.
“A convergência representa uma mudança de paradigma – um deslocamento de conteúdo de mídia específico em direção a um conceito que flui por vários canais, em direção a uma elevada interdependência de meios de comunicação, em direção a múltiplos modos de acesso a conteúdos de mídia e em direção a relações cada vez mais complexas entre a mídia corporativa, de cima para baixo, e a cultura participativa, de baixo para cima.” (JENKINS, 2009, p. 325).
Essa cultura de convergência proporciona que a produção e veiculação de conteúdos midiáticos ganhe multidirecionalidade por meio das tecnologias digitais, trazendo possibilidades de emendar, comentar, reformatar, remixar, copiar e redistribuir conteúdos. Isso leva à reconstrução de relações entre as pessoas e as mídias. Essas novas expectativas empoderam os indivíduos, e isto é fonte de tensões entre grandes empresas de mídias e seus(suas) usuários(as), e a questão do combate à pirataria pode ser citada como exemplo. Jenkins alerta que não há garantias de que usaremos esse poder com mais responsabilidade social que grandes corporações midiáticas ou governos.
Conduzindo o debate para o terreno do pedagógico, o autor enfatiza que precisamos ser criativos para construir e encontrar formas de realizar o potencial de uma cultura midiática mais participativa e, ainda, que é importante que não deixemos essas oportunidades desaparecerem.
“Por isso é tão importante [...] combater a censura e o pânico moral que tentam transformar em doença as formas emergentes de participação, expandir o acesso e a participação de grupos que, de resto, estão sendo deixados para trás e promover formas de educação e letramento midiático que auxiliem as crianças a desenvolver as habilidades necessárias para se tornarem participantes plenos da sua cultura.” (JENKINS, 2008, p. 331).
No material do curso de Redes de Aprendizagem do Proinfo, já discutíamos a questão dos riscos trazidos para crianças e jovens pelo uso das mídias sociais digitais. Não há dúvidas de que os riscos existem, mas de que tamanho eles são?