Quando falamos em tecnologias, logo pensamos em robôs, computadores, tablets, celulares e internet. Essas são as tecnologias digitais presentes no mundo de hoje, e suas repercussões para a educação têm sido objeto de muitos estudos pelos educadores. Porém, várias tecnologias já estavam presentes nas escolas antes do advento do computador e da internet, basta lembrarmo-nos da lousa, do giz, das carteiras, dos mimeógrafos, dos livros didáticos e mapas, dos laboratórios de ciências etc., que também são tecnologias.
Além das tecnologias citadas anteriormente, a fragmentação dos espaços/tempos de aprendizagem, a objetivação dos procedimentos de ensino, a padronização de métodos pedagógicos, o agrupamento de alunos por idade ou nível de aprendizagem, a organização do currículo por disciplinas, a estruturação de horários em pequenos blocos rígidos, a hierarquização da comunicação e das relações, a distribuição dos conteúdos curriculares em disciplinas e tópicos mais voltados à preparação (um tópico prepara para o aluno para aprender o próximo tópico, que prepara para o próximo, e assim por diante...) do que à realidade do aluno, a organização de turmas em salas de aula e a organização dos alunos dentro da sala de aula em carteiras enfileiradas são arquiteturas educacionais, são tecnologias construídas e usadas para implementar um determinado modelo educacional, que, por sua vez, está baseado em concepções de uma sociedade em um tempo específicos.
As tecnologias desenvolvidas para fins educacionais podem ser mais naturalmente aceitas pelos educadores do que as provenientes de espaços exteriores à escola, como é o caso das TDIC, porque suas aplicações não são diretas nem restritas a atividades específicas, tampouco reforçam o modelo educacional instituído, o que demanda esforço para compreensão de suas possibilidades e repercussões do seu uso nos processos de ensino e aprendizagem, além de uma avaliação de seus limites.
Ou seja, elas nos colocam algumas questões como as elencadas a seguir.
Como usar esses novos recursos na educação?
De que modo o uso desses recursos pode ser significativo para os processos de ensino e de aprendizagem?
Em quais situações se justifica o uso e em quais não se justifica? O que muda na escola com a entrada desses recursos?
O que muda nos processos de ensino e aprendizagem?
Além dessas, podem surgir ainda outros questionamentos, como:
Como gerenciar o uso desses recursos na escola?
Como lidar com a diversidade de possibilidades de uso pedagógico desses recursos e suas demandas de tempo e espaço?
Como gerenciar esses novos tempos e espaços que o uso das TDIC demanda?
Como fazer as coisas funcionarem na minha escola a partir dessas mudanças?
A chegada das TDIC nas escolas demanda um conjunto importante para viabilizar a sua implementação, que vai desde a preparação da infraestrutura adequada para o recebimento e a instalação dos equipamentos até a formação dos profissionais envolvidos. É no momento em que as novidades tecnológicas chegam à escola que o gestor já precisa tomar decisões importantes para começar a traçar os rumos da utilização desses recursos e pensar nas repercussões desse uso para a estrutura da escola, para os processos e para as pessoas envolvidas.
A infraestrutura pode ser diferenciada em cada região do país, mas fundamentalmente é constituída por alguns elementos que demandam da gestão providências para viabilizar o uso das TDIC no contexto escolar. Por exemplo, a rede elétrica do local, conexão com a internet, mobiliários específicos, segurança exigida para uma adequada instalação dos equipamentos (computadores, impressora, projetor, kits de robótica, laptop, tablet e outros dispositivos móveis...). Essa infraestrutura, por sua vez, requer do gestor o gerenciamento desse novo espaço, abrangendo a dimensão política, administrativa, pedagógica e tecnológica.
Mas isso é só o começo, porque o uso pedagógico das TDIC traz múltiplas possibilidades, bem como mais complexidade, demanda uma nova configuração do espaço/tempo educativo, requer mudanças. A sala de aula deixa de ser o espaço privilegiado da relação pedagógica e o ambiente restrito no qual o acesso ao conhecimento se processa. As relações aprendiz-conhecimento, aprendiz-aprendiz e aprendiz-professor se ampliam e se (re)significam, as comunicações e aprendizagens se processam em rede.