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Tópico VI - Implicações das Novas Linguagens na Educação

Linguagens do Nosso Tempo

Não são poucas as implicações culturais, comunicacionais e cognitivas que as linguagens do nosso tempo, hipermídia e transmídia, trazem para os modos de se produzir, transmitir e receber informação, conhecimento e arte. Para começar, engajar-se no mundo das redes implica que a pessoa tenha adquirido competência plena de leitura e escrita. A hipermídia e a transmídia não dispensam, ao contrário, exigem a capacidade verbal, pois quanto mais as linguagens se misturam, mais complexas elas se tornam. Para apreender todo o potencial da hipermídia e da transmídia, não basta a decodificação de padrões visuais.  

As linguagens do nosso tempo também exigem a capacidade de recolher e dar expressão a ideias em diferentes sistemas de representação, de significação e suas misturas, tais como palavras escritas e faladas, imagens fixas e animadas de tipos variados, sons que variam também entre o ruído e a música, modelos 3D, visualização de dados etc., com seus componentes interativos. Exigem, portanto, que nos movimentemos através das mídias e entre as mídias, explorando as novas oportunidades de aprendizado que se apresentam na paisagem midiática.

 

 

Aliás, informação não passa de uma palavra coringa cuja confortável generalidade oculta que se trata, na verdade, de processos de linguagem, cujas raízes encontram-se no verbal, visual e sonoro e suas misturas. Portanto, há que ser priorizada a questão da pluralidade das linguagens que entram em jogo nessa produção. É de se lamentar que a linguagem com seus rebentos, justo aquilo que está no âmago de nossa condição de seres humanos, é sempre a grande esquecida.

As novas gerações de computadores, interfaces e aplicativos têm se renovado de modo cada vez mais acelerado. Elas se definem pela mudança na maneira do ser humano interagir com a máquina. Assim foi com os desktops, depois com os notebooks, então com os celulares multitoque, até nos encontrarmos hoje em plena era pós-PC, com a emergência dessa nova categoria de máquinas inteligentes, os tablets e outros dispositivos de interfaces gestuais, naturais e intuitivas que deverão comandar as interfaces daqui em diante.

Ademais, as estruturas digitais de produção híbrida de textos, imagens, áudios, vídeos e programações têm de enfrentar uma lógica nunca antes explorada. Nesta era em que os tablets emergem com força indiscutível, a produção destinada a eles tem recebido o nome genérico de “produção de conteúdo”.

No sentido mais comum, que tem sido utilizado no contexto das tecnologias digitais da comunicação e informação (TDIC), conteúdo significa informação institucionalmente produzida. Há autores que ampliam o conceito de conteúdo para abranger também o acesso físico ao equipamento e a um canal de informação, junto com as fontes institucionais e a capacidade individual do usuário para utilizar a informação, incorporando-a à vida, pois essa é a forma de aprendizagem mais eficaz.

Embora tenha o cuidado de considerar, nesse conceito de conteúdo, a combinação de equipamentos, habilidades, entendimento e apoio social, a fim de que o usuário possa envolver-se em práticas sociais significativas, essa definição falha ao não levar em consideração um aspecto crucial, a saber: quando falamos em produção de conteúdo para mídias digitais, conteúdo não significa apenas informação.

 


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