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Tópico IV – Analisando as Imagens do Livro Didático

Para Finalizar

Construindo uma lógica sequencial de nosso percurso neste núcleo, podemos dizer que partimos da busca pelo entendimento dos conceitos geográficos de lugar, paisagem e território associado ao uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação. Esses conceitos foram discutidos por meio de atividades que incluíram o uso de músicas e imagens para termos maior compreensão da realidade geográfica que cerca os(as) alunos(as) e professores(as) cursistas.  

O uso de músicas em sala de aula é uma prática antiga que, entretanto, mantém seu papel na reflexão despertada em quem as ouve com atenção e, além disso, é uma forma pedagógica com a qual já estamos acostumados(as) a trabalhar. Já o uso de imagens e, sobretudo, sua produção mostram-se favorecidos pelas tecnologias digitais, que facilitam o acesso de mais pessoas a esse tipo de atividade. Sabemos que nos deparamos com muitas restrições, pois as tecnologias digitais ainda não são acessíveis a muitas pessoas, mas podemos trabalhar com nossos(as) alunos(as) em colaboração (grupos) e com os meios de que dispomos em cada contexto.

O aprofundamento das análises de imagens teve um papel importante em nosso trabalho, na preparação dos nossos(as) alunos(as)  para que, assim, não se forme uma representação geográfica referenciada por imagens clichês. Para isso, fez-se necessário um desenvolvimento metodológico de análise de fotografia em âmbito espacial, temporal e, principalmente, no devir relativo à representação capturada pelo(a) fotógrafo(a), ou seja, o que ele(a) quis apresentar, ou melhor, qual é a principal mensagem visual ali apresentada. De forma bem esclarecedora, Gilles Deleuze fala sobre essa relação de verdade presente em uma imagem, assim como sobre o clichê presente em grande parte das mensagens visuais. Acompanhe a seguir:

 

"Por um lado a imagem está sempre caindo na condição de clichê: porque se insere em encadeamentos sensório-motores, porque ela própria organiza ou induz seus encadeamentos, porque nunca percebemos tudo o que há na imagem, porque ela é feita para isto (para que não percebamos tudo, para que o clichê nos encubra a imagem...)." (DELEUZE, 2007, p. 32).

 

Na educação geográfica aliada às imagens, vimos o quão importante pode ser utilizar as potencialidades das imagens sequenciais e debater sobre alguns entraves concernentes à imagem trabalhada geograficamente.

A disponibilidade imensa de imagens faz com que não passemos ilesos por elas, provoca-nos a querer, pensar, cobiçar, detestar e ter uma gama de sensações estimuladas pela percepção visual. Por isso, compreender e decifrar algumas nuances desse conhecimento difuso nos torna mais aptos(as) à análise e à compreensão das potencialidades das imagens.

No contexto escolar, uma análise das imagens utilizadas pela Geografia pode nos auxiliar na compreensão das diversas linguagens com as quais já trabalhamos geograficamente. A escrita de um texto, por exemplo, se não tiver relação com a imagem proposta no mesmo texto, pode ser minimizada, perder seu valor interpretativo e de assimilação espacial.

Como “reconhecemos” as imagens trabalhadas pela Geografia? Os mapas, as cartas, as paisagens, os vídeos, seja qual for a imagem em análise, têm a função de dar suporte ao entendimento do espaço geográfico. Por isso, a imagem que ampara a análise do espaço deve ser pertinente ao estudo em questão. Então, quais são os procedimentos de análise de uma imagem pela geografia escolar?

“Ler uma imagem” é ter a capacidade de interpretar o espaço geográfico através dos diversos tipos de representações e signos visuais que nos acompanham ao longo de nossa história como humanidade.

 

 


 

“'Fotografar' ou 'mapear' não são mais verbos restritos ao ato de usar a máquina fotográfica ou aos princípios da cartografia para produzir uma imagem. Dizem respeito à alta credibilidade das imagens que lhe são subjacentes – fotografias e mapas – e ao lugar que elas ocupam na produção do real. Para uma grande parte das pessoas, essas imagens não são obras humanas, mas a própria realidade impressa em papel ou visualizada na tela. Não é muito diferente o que ocorre com o uso do verbo 'filmar' e com a relação que se estabelece com os filmes, principalmente os que se dizem documentários." (OLIVEIRA JR., 2009, p. 25).

 

Esperamos ter contribuído com o vasto campo do ensino e suas diferentes metodologias, seja de forma teórica, seja de forma prática, pois é necessário darmos vez a essa temática nas pesquisas acadêmicas nacionais. “Uma educação que tem como objetivo a autonomia do sujeito passa por municiar o aluno de instrumentos que lhe permitam pensar, ser criativo e ter informações a respeito do mundo em que vive”. (CALLAI, 2008, p. 103).

 

 

Ficou evidente que contextualizar conceitos geográficos por analogia é um artifício primordial para nós, geógrafos(as). Somos dependentes do entendimento de estudos de representações para pensarmos o mundo por diferentes dispositivos. O uso e a análise de imagens como forma de subsídio para explicações espaciais de um mundo geográfico não se dá de modo diferente.

A análise imagética nos remete a diferentes eixos de interpretações e análises do espaço geográfico, fornecendo-nos novas formas de visão e linguagens e, consequentemente, novas conclusões fora de um âmbito estereotipado. Essa abordagem sobre as imagens pode nos propiciar respostas frente a nossa relação com o espaço geográfico. Compreender as potencialidades da imagem é o mesmo que ser alfabetizado em outra linguagem. As representações em forma de imagens podem fornecer-nos  um embasamento prévio de diferentes realidades com as quais não possuímos afinidade ou, até mesmo, das quais ainda não temos conhecimento.

Concluímos que as imagens são uma fonte problematizadora para o estudo de Geografia, mas elas por si só não podem nos auxiliar; necessitamos ser investigativos, buscar novas formas de interpretação e análise. Voltamos nossa docência para a investigação aprofundada, incluindo as imagens em nossos métodos de estudos, contemplando novos exercícios de interpretação e produção de imagens, abordando os diferentes contextos das imagens, investigando suas representações.

Trabalhar com as imagens, em especial a fotografia, pelo foco do(a) próprio(a) aluno(a), gera uma potencialidade que ainda nem temos como mensurar, com contribuições na construção do conhecimento e formação cidadã. O(a) estudante, ao conceber sua imagem, está trazendo para a sala de aula a representação de conceitos, acontecimentos e fatos com os quais ele(a) tem contato fora do contexto escolar. Essas representações de seu entorno nos fornecem grandes subsídios para adentrarmos nos conceitos geográficos de maneira mais concreta, de modo que os(as) próprios(as) estudantes expõem seus anseios, contribuindo para sua formação básica em Geografia.

Não há dúvidas de que necessitamos treinar nossos olhares como educadores(as) em relação às imagens que constantemente nos cercam para, assim, desenvolvermos senso crítico e investigativo em nossos(as) educandos(as). A construção do conhecimento pelo viés colaborativo e participativo pode nos fornecer uma inclusão no letramento em leitura das imagens.


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