Outros(as) participantes do cenário sobre globalização destacam aspectos específicos das TDIC neste mundo globalizado em que vivemos. Vanessa Nicolav qualifica a internet como “um campo muito mais democrático, onde a gente tem acesso a vários lados da informação [...], à relativização dos fatos oficiais” afirmando que “[...] a mídia, nesse sentido, é que está em xeque”.
Embora possam interferir nas relações pessoais face a face, Fellipe Redó destaca o fato de que as TDIC viabilizam “novas formas de produzir coletivamente, de você ter produções colaborativas, de distribuição, de baixar mas também de levantar conteúdo na internet, o software livre [...]: todas essas [...] são formas de produção colaborativa.” Esses são arranjos de produção e circulação de textos multimídia na web típicos dos novos letramentos e dos multiletramentos.
Xico Sá, no campo das artes, destaca que “essas misturas de lugar miserável com tecnologia e com globalização [...] melhoraram a qualidade de música, de movimentos musicais; [os jovens] são hoje muito mais informados sobre a música do mundo e aproveitaram isso e fazem [...] uma música universalíssima.”
Raquel Brandão entrevista, no Programa Papo Cabeça, René Silva, um jovem do Complexo do Alemão (Morro do Adeus) que, desde seus 11 anos, mantém um jornal em sua comunidade – o Voz da Comunidade. No vídeo, René nos explica o papel que teve a escola em seu protagonismo e como utiliza a internet em favor de seu jornal.
Ronaldo Lemos comenta as opiniões de alguns autores, especialmente de Nicholas Carr, os quais acham que as TDIC nos tornam “pessoas narcisistas e superficiais”, que nelas nós “treinamos nosso cérebro para ser distraído, constantemente interrompido e começamos a perder a habilidade de pensar profundamente”. Será? Não é o que os(as) jovens acham...
Já o próprio Ronaldo Lemos pensa que “um dos problemas da educação no mundo de hoje é o apego excessivo ao texto”, visto que “a vida é muito mais multimídia hoje em dia”. Novamente, isso nos chama para a ideia de multiletramentos. Ronaldo também nos apresenta a realidade de uma escola pública de Nova Iorque, chamada Quest to Learn – Q2L (do inglês, Busca para Aprender), “em que a tecnologia foi incorporada no dia a dia das crianças” e na qual “os(as) professores(as) se transformam em coaprendizes junto com os(as) estudantes” (Katie Salen).
Bem, o vídeo do cenário nos apresentou muitas ideias novas e controversas sobre as recentes transformações: desafios atuais para a cidadania e o protagonismo da juventude, os usos das TDIC no mundo hoje, assim como as possíveis relações entre estas "novidades" e o ambiente escolar. Esses são justamente nossos temas para este Tópico 1 - Multiletramentos e Ensino de Língua Portuguesa, no qual destacaremos os conceitos de letramentos críticos, multiletramentos e novos letramentos. Aqui também discutiremos como tais letramentos podem ser incorporados ao currículo de Língua Portuguesa no Ensino Fundamental e Médio, por meio do uso das TDIC, combinados aos letramentos escolares convencionais.
Uma das questões que são propostas no cenário é: "Qual é o seu plano para viver neste mundo?"
A partir desse contexto, gostaríamos de convidar você a discutir mais sobre esse tema com seus e suas colegas, participando do fórum criado pelo(a) professor(a) formador(a).
Nesse espaço, colocamos uma questão semelhante, a qual esperamos que você responda levando em conta também as considerações e abordagens sobre globalização e novas mídias expostas no Cenário 1:
Participe dessa atividade e compartilhe, no espaço indicado pelo(a) professor(a) formador(a), suas ideias e pensamentos sobre o assunto!
É possível entender o letramento crítico por meio de práticas que incluam uma tomada de consciência de como, por que e segundo os interesses de quem os textos, em particular, podem funcionar. O ensino do letramento crítico é o gesto de encorajar o aluno a tomar posições e a adotar práticas de leitura alternativa, visando ao questionamento e à crítica de textos e formações sociais. Se há uma multiplicidade de perspectivas teóricas acerca da temática, é comum a todas tanto a análise como a crítica da relação entre textos, linguagem, poder, grupos e práticas sociais.
Segundo Buzato (2010, p. 288-289): "Os novos letramentos/letramentos digitais são particularmente importantes para pensarmos em educação e transformação social porque eles habilitam, contingencialmente, aquilo que autores como Lankshear e Knobel (2007, p. 21) qualificam como um novo ethos, uma nova mentalidade que enfatiza a participação – em detrimento da publicação editorial, o conhecimento (técnico) distribuído – em lugar do conhecimento (técnico) centralizado, a partilha de conteúdos – em vez da propriedade intelectual privada, a experimentação – em oposição à normatização, enfim, a troca colaborativa, a quebra de regras criativa e o hibridismo em lugar da difusão de conteúdos, do policiamento e da pureza."
