No âmbito do pensamento sociológico da segunda metade do século XX em diante, alguns autores(as) refletiram sobre o papel da chamada “indústria cultural”, da esfera do consumo e, em particular, da música, nos processos de socialização e nas experiências de sociabilidade.
Entre os(as) autores(as) que buscaram compreender as novas configurações sociais, o filósofo e sociólogo alemão Theodor Adorno se destaca por ter colocado em evidência o poder da música em agregar e construir novas experiências: a música se constitui um “agente de socialização para os jovens, à medida que produz e veicula molduras de representação da realidade, de arquétipos culturais, de modelos de interação entre indivíduo e sociedade, e entre indivíduo e indivíduo” (DAYRELL, 2003, p. 37).
Mais do que simplesmente uma instância de socialização, a música ofereceria aos jovens a “possibilidade de conjugar a trama de um caminho de busca existencial com os signos de uma pertença coletiva” (DAYRELL, 2003, p. 37), algo que poderíamos entender como “dar sentido” à vida. Nesse sentido, é possível destacarmos o quanto a centralidade do consumo e da produção cultural para os(as) jovens podem ser sinais de “novos espaços, de novos tempos e de novas formas de sua produção/formação como atores e atrizes sociais. Ou seja, apontam para novas formas de socialização, nas quais os grupos culturais e a sociabilidade que produzem vêm ocupando um lugar central” (DAYRELL, 2002, p. 119).
Nesse sentido, a cultura digital abre um leque de possibilidades de participações políticas criativas dos(as) jovens na sociedade. Assim, mais do que analisarmos de um ponto de vista sociológico a inserção das TDIC na vida contemporânea de nossos(as) jovens, precisamos também nos apropiar de suas potencialidades para enriquecer o espaço escolar.
Além disso, como sinalizamos em outros momentos deste primeiro tópico, esse ato de apoderamento pode nos garantir uma melhor compreensão do universo social dos(as) nossos(as) jovens, sendo a música um dos elementos mais importantes para iniciarmos esse trabalho. Pensando nisso, concluímos o nosso tópico com a seguinte citação:
“Através da relação sutil e individual que se cria com o meio sonoro, se pode abrir o espaço de um auto-reconhecimento de expectativas e incertezas, de vivências do presente e de desejos em relação ao futuro. A música é a companheira e cúmplice da vida dos jovens, os acolhe nos momentos tristes e nos momentos de alegria, adere às linguagens da festa e do amor, da curiosidade e do conhecimento e marca uma separação com o mundo adulto.” (TORTI, 1999, p. 12 apud DYRELL, 2005, p. 37).