Prezados e prezadas cursistas, chegamos ao final de nosso curso. Ao longo dos dois tópicos sobre Socialização, Identidades e Sociologia, TDIC e Sala de Aula, abordamos diversas temas, conceitos e perspectivas sociológicas através dos quais enfatizamos a relação, sempre tensa, entre o chamado “senso comum” e nossas representações sobre o mundo, e as interpretações socio-históricas que visam “desmistificar” o caráter eterno ou natural destes mesmos pontos de vista.
Vimos que tanto os conceitos sobre socialização como os sobre identidades podem ser trabalhados em sala de aula sob diferentes registros, temas, argumentos mas, como deixamos claro desde o início deste curso, nossa escolha pautou-se pela música, pelos estilos musicais e suas diversas expressões artísticas, pois entendemos que esta escolha nos ajuda na própria compreensão do universo juvenil.
No entanto, cursista, longe de apresentar conceitos ou esgotar as possibilidades de interpretação da sociedade (até porque isso demandaria a incorporação de diversos(as) autores(as) e tradições epistemológicas que sequer foram apresentadas aqui), quisemos garantir que essas abordagens sociológicas em sala de aula pudessem ser feitas mediante a interação, o compartilhamento de ideias ou antes, conforme sugerimos neste último Tópico, seguindo as orientações da pesquisa como princípio pedagógico mediante a horizontalidade, a aprendizagem cooperativa ou mutualidade, como garantias para novas formas de construção de conhecimento. Nesse sentido, as tecnologias informáticas, as TDIC - celulares e smartphones, computadores, redes sociais, internet, rádio, dentre outros - foram mais do que simples objetos “utilitários” ou meras “ferramentas”: como observamos de forma breve ao longo deste último tópico, a nossa “era da informação” merece ser lida sociologicamente como um verdadeiro “fenômeno social” que altera o perfil de nossos(as) estudantes e das nossas relações escolares.
Em outras palavras, se o próprio ensino de sociologia na Educação Básica já constitui um desafio, ele se complexifica quando o pensamos através da chamada “Cibercultura” contemporânea, uma vez que ela pode ser tanto objeto de nossa análise, como parceira na compreensão científica da sociedade. Uma espécie de “duplo desafio”, que poderíamos traduzir como se tivéssemos que trocar os pneus de um carro em movimento. Mas, para falar em “movimento”, ou “fluxo”, não é exatamente essa uma das principais representações de nossa contemporaneidade? E além de representações, não nos guiamos justamente pela velocidade crescente da tecnologia e do fluxo de informações?
Assim, ao invés de simplesmente registrarmos nosso espanto, indignação ou assombro diante deste “admirável mundo novo”, podemos seguir a recomendação de um clássico da sociologia como Max Weber e tentar compreender alguns dos diversos “sentidos” em que este mundo novo se constrói nas interações cotidianas de que fazemos parte.
Se ao final deste curso, o professor e a professora puderem vislumbrar formas criativas de oportunizar ao(à) estudante um olhar crítico sobre seu próprio cotidiano, suas próprias “escolhas” e “gostos musicais”, bem como sobre os próprios aparelhos que permitem seu compartilhamento com seus pares; e se, a partir disso, ele puder construir uma nova relação com a Sociologia enquanto disciplina, e com o exercício da cidadania enquanto prática social, então acreditamos que o desafio terá valido a pena.
Esperamos que o curso tenha suscitado boas questões e que possa trazer bons frutos na prática docente de cada um(a) de nós.