Cursista, você já parou para refletir atualmente sobre o papel do lazer na contemporaneidade? Percebe que o lazer tem-se constituído em um tempo destinado ao consumo? Já pensou sobre a forma como nosso lazer é intermediado por diferentes discursos midiáticos?
O lazer, em sua relação intrínseca com o trabalho, constitui-se, na contemporaneidade, como um tempo destinado ao investimento pessoal, como descanso, como divertimento ou como formação individual. Salienta-se que parte dessas atividades são marcadas pela lógica do consumo de mercadorias, seja nos shopping centers, nos eventos sociais e culturais, no turismo e mesmo no mercado das atividades físicas.
Uma das formas de compreender a influência da lógica do consumo de mercadorias no lazer é a partir da função histórica que a mídia exerce na formação das subjetividades. Adorno e Horkheimer (1985) refletiram, na primeira metade do século XX, sobre o papel do cinema hollywoodiano vinculado a esse processo. Nesse caso, a produção desses filmes é categorizada por um procedimento industrial, ou seja, regido por interesses mercadológicos. O primeiro deles é o lucro, que a indústria do cinema gera ao comercializar seus filmes. O segundo é a força dos filmes em criar valores e necessidades, redes de significados associadas ao modo de produção da vida social e cultural capitalista. Por isso, os autores chamam o cinema hollywoodiano de Indústria Cultural, expressão que se estende aos meios de comunicação de massa tradicionais (jornal impresso, rádio e televisão). O lazer é diretamente influenciado por essa lógica, por exemplo, nos jogos e nas brincadeiras infantis.
Com o desenvolvimento das TDIC, esse esquema se transformou, uma vez que, com um smartphone conectado à internet, um indivíduo qualquer pode escrever e publicar o que quiser, por exemplo, no Facebook. Seu texto pode ser lido por outras pessoas que também estejam conectadas à rede mundial de computadores. Tecnicamente, esse texto pode ser lido pelo mundo inteiro. Ou seja, em parte, o monopólio do acesso aos meios de produção de bens culturais foi quebrado, mas isso não significa o fim da indústria cultural. Pelo contrário, é possível observar que as relações entre a internet e a indústria cultural fortalecem alguns aspectos do esquema descrito e analisado por Adorno e Horkheimer, em 1947 (ADORNO; HORKHEIMER, 1985).