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Tópico III - Corpo, Saúde e Estética

Juventude e Discurso Midiático

Cursista, você já indagou a si mesmo(a) sobre as diferentes relações existentes entre os padrões corporais e as formas de consumo da nossa sociedade? Como essas questões podem fazer parte da vida dos nossos alunos e alunas, e ser objeto de discussão nas aulas de educação física? Além disso, você já pensou sobre a forma como as TDIC estão inseridas nesse processo, já que, cada vez mais, os(as) estudantes têm acesso a um número quase infinito de discursos midiáticos e publicitários?

Na sociedade contemporânea, o padrão de corpo ideal repercutido pela mídia tem grande destaque em diferentes produtos disponibilizados para consumo, sobretudo, naqueles aos quais está vinculada uma série de conceitos, como saúde, beleza, estética, performance, longevidade e juventude, cuja combinação resultaria em felicidade e qualidade de vida.


Desde os veículos publicitários, passando por publicações especializadas e sites na internet, entre outros, podemos perceber uma série de informações disponíveis para aqueles e aquelas que tiverem interesse na busca pelo “corpo ideal”. Essa profusão de informações é carregada, principalmente, de estratégias e de discursos elaborados em nome do culto ao corpo, dirigindo-se, por exemplo, à valorização da eterna juventude, à associação da saúde com um determinado padrão de beleza, e deste com a felicidade
.

Ter um corpo perfeito, trabalhado, esculpido à imagem e semelhança do desejo de cada um é uma tendência que se vem firmando e ganhando a aparência de um fato normal, inerente, essencial e, portanto, “natural” do modo de viver a identidade contemporânea. Já não basta apenas ser saudável: há que ter beleza, ser jovem, estar na moda e ser uma pessoa ativa (FIGUEIRA; GOELLNER, 2005).

 

 

Na esteira da busca pelo “corpo ideal”, um ponto a ser destacado são os meios utilizados pelos(as) jovens para o alcance do padrão de corpo apresentado pela mídia, ou seja, o corpo magro, torneado, sarado, bronzeado. Dentre esses meios estão a prática intensiva de exercícios físicos, muitas vezes associada ao consumo de suplementos alimentares e esteroides anabolizantes, culminando, até mesmo, em quadros de vigorexia; não tão conhecida como a anorexia, mas igualmente deletéria à saúde mental e física.

Dentro da mesma lógica, as dietas e os regimes alimentares severos são utilizados para que os corpos sejam moldados dentro daquilo que hegemonicamente define-se como o modelo de corpo ideal. Atrelados a tais práticas, encontram-se transtornos alimentares que contemporaneamente fazem parte da vida dos(as) jovens, como a bulimia e a anorexia nervosa. Parece cada vez mais constante a divulgação de reportagens sobre meninas que, espelhadas no padrão de corpo das top models, acabam desenvolvendo tais transtornos sociais, adoecendo e, em certos casos, até mesmo chegando à morte.

Somente para ilustrar esse quadro da busca por esses padrões, no ano de 2004, soube-se do caso de três adolescentes do Distrito Federal que entraram em coma por conta do uso de anabolizante para cavalos. Um deles faleceu dias depois, e os sobreviventes contaram que desejavam um corpo mais forte e músculos maiores com a ajuda da musculação. Naquele mesmo ano, a revista Época dedicou a capa de uma edição ao tema da vaidade e ao desejo da transformação do corpo. Na reportagem destacaram-se casos de implantes, próteses, cirurgias e uso de substâncias para aumentar a massa muscular ou diminuir o peso (GUZZO, 2005).

Mas o que isso tem a ver com as TDIC? É importante destacar que o culto à aparência está constantemente sendo exposto e avaliado nas diferentes redes sociais, por exemplo. As diversas TDIC aparecem como recursos que auxiliam a medição, o controle e a disciplina na busca por esse “corpo perfeito”. Como vimos, o acesso a um sem número de informações é realidade cada vez mais visível na vida de nossos(as) alunos(as).

Por isso, é importante que nos apropriemos das TDIC cada vez mais para melhor orientarmos a busca por esses conteúdos e solidificarmos um olhar crítico dos(as) estudantes para as informações e os discursos hegemônicos que circulam em nossa sociedade, e são amplamente divulgados nas grandes mídias.

Nesse sentido, podemos destacar que as tecnologias não servem apenas para a reprodução desse discurso hegemônico, mas também são fundamentais na viabilidade e na consolidação de uma perspectiva crítica de ensino-aprendizagem, principalmente com o tema que estamos abordando neste tópico.

 

Sugestão de Atividade 3.2: Refletindo Sobre os Padrões

Ao discutirmos a incessante busca por um corpo ideal, podemos pensar: quais são os limites na busca pelo corpo perfeito? E, também, qual a responsabilidade da mídia e da indústria da moda nesses casos em que a estética aparece como mais importante que a saúde? Você já conversou sobre essas questões com os seus alunos e suas alunas? Há casos dessa natureza em sua escola? Procure refletir sobre essas questões e discutir com os(as) discentes, o que eles e elas acham sobre esses padrões de beleza fortemente veiculados nas grandes mídias? Como eles e elas se percebem dentro dessas padronizações? Quais os pontos positivos e negativos que os(as) estudantes observam na relação saúde-estética na mídia?  

Para auxiliar a realização dessa atividade, elaboramos alguns passos que expomos a seguir.

Passo 1 - Procure reunir os(as) estudantes para a leitura da matéria Corpo da Barbie nunca foi pensado para ser realista e convide-os para assistir ao vídeo Câmera Record – descubra os segredos de um corpo perfeito. Depois, você pode discutir com eles quais os limites existentes entre esses padrões e a realidade da maior parte da pessoas, e explorar a complexidade da correlação saúde-estética apresentada nessas matérias.

Passo 2 - Recomendamos anotar as principais respostas levantadas pelos alunos e alunas e as suas considerações sobre essa conversa.

Passo 3 - Ao final, convidamos você a compartilhar com seus (suas) colegas cursistas os dados levantados e as reflexões suscitadas com esta experiência. Você pode aproveitar este momento para (re)pensar e discutir sobre as diferentes formas como um ensino de Educação Física, mediado pelas TDIC, pode auxiliar na problematização dessas questões.


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