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Tópico III - Corpo, Saúde e Estética

Como a Educação Física Atua nesses Debates?

 

Cursista, será que o desejo por um corpo belo
é uma questão típica da sociedade atual?

 

Como você deve saber, a resposta correta é "não". O desejo de construir um corpo belo de acordo com os padrões socialmente definidos não é novidade; novos são os métodos e as técnicas desenvolvidos em cada época para o alcance de tal objetivo. Atualmente, percebemos a utilização de anabolizantes, suplementos alimentares, técnicas cirúrgicas de correção, ou extração de gordura, como formas de arquitetar-se a beleza. No entanto, muitas delas oferecem diversos riscos que vão da possibilidade da não mudança a danos graves à saúde e até mesmo à morte.

O aumento do número de cirurgias plásticas e lipoaspirações, sobretudo entre as jovens, é uma questão que precisa ser enfrentada em nossas aulas. Para além da prática de exercícios físicos, e da utilização de artifícios inerentes a esse tipo de atividade, é cada vez mais constante nos depararmos com jovens que realizaram cirurgias plásticas, no intuito de corrigir “imperfeições” em seus corpos.

Outro destaque deve ser feito também à associação da busca pelo corpo perfeito com uma perspectiva de saúde e de qualidade de vida como resultado. Nessa combinação são comuns, dentre outras atitudes, a adoção de um estilo de vida ativo e a prática de esportes, ratificando um discurso comumente difundido pela mídia em que esporte é sinônimo de saúde. Esse também é um discurso disseminado entre os(as) jovens, em que é predominante uma concepção do corpo saudável como aquele que atende aos padrões de estética difundidos pela mídia, cuja constituição seria determinada, quase que estritamente, pelas atitudes individuais. Tais atitudes seriam também as únicas responsáveis pela garantia da saúde, enquanto as questões referentes à vida cotidiana das pessoas e sua constituição histórico-cultural – como a distribuição de renda, as condições de moradia e de alimentação, a existência de políticas públicas que disponibilizem tempo, programas e espaços para o lazer, o acesso aos serviços de saúde etc. – é colocada em segundo plano.

Esse discurso, hegemônico na Educação Física, culmina no binômio saúde/estética, no qual o desejo de apresentar “boa saúde” tende a tornar-se um componente menos significativo das razões pelas quais as pessoas decidem dedicar-se aos programas de exercícios. Muitas vezes, essas motivações são substituídas por preocupações engendradas por poderosas ideologias de moralidade, ascetismo, autodisciplina e controle, que subjazem aos padrões de consumo em uma cultura direcionada para a autopromoção e a boa aparência (GOMES; PICH; VAZ, 2006).

 

 

Ou seja, sob o discurso da promoção da saúde, o paradigma do estilo de vida ativo parece ser assentado como um projeto estético pessoal, um recurso de suma importância para a construção da subjetividade moderna. Em resumo, embora os discursos empregados utilizem a “saúde” como aspecto legitimador, o cerne da questão aponta para uma preocupação maior com a estética corporal.

 

Atividade 3.3: Padrões, Espaço Escolar e TDIC

Observando os(as) adolescentes na escola, podemos perceber o quanto sua preocupação com a estética tem interferido em seu cotidiano. Temos, todavia, as aulas de Educação Física como um espaço privilegiado para debater essas questões. Nesse sentido, propomos que você realize uma atividade prática de reflexão com seus alunos e alunas e discuta sobre como eles(elas) percebem essas padronizações na própria realidade escolar. Para auxiliar na organização dessa conversa, propomos alguns passos, descritos a seguir.

Passo 1 - Caso seja possível, reúna os(as) estudantes para uma pesquisa em ambientes digitais (sites, blogs, redes sociais etc.). O objetivo da atividade é identificar como o discurso publicitário constrói narrativas de valorização de um padrão de estética corporal, sobretudo entre os(as) jovens. Você pode perguntar: quais são esses padrões? Quais são os elementos valorizados para se dizer que uma pessoa está ou não dentro do discurso midiático do “belo e saudável”? Como eles aparecem nas diferentes propagandas pesquisadas na internet? Caso a escola não disponibilize um ambiente para pesquisa na rede, proponha um prazo para os(as) estudantes e sugira que a pesquisa seja realizada em casa ou em outro espaço em que eles possam ter acesso à internet, como no caso das bibliotecas públicas. Você pode indicar alguns desse lugares para facilitar o processo de investigação.

Passo 2 - Realizada a pesquisa, você pode pedir aos(as) estudantes que efetuem uma seleção de imagens sobre o que identificaram como exemplos de padronizações de beleza e de saúde. Recomendamos que em cada escolha seja realizado um comentário explicando o porquê de cada uma delas. Você pode convidar os(as) estudantes, também, a darem sua opinião sobre esses padrões.

Passo 3 - Após a apresentação das escolhas, você pode indagar a turma sobre como esses padrões são identificáveis ou não na sociedade e no ambiente escolar. Quais elementos eles(elas) gostariam de atender ou não? Por quê? Como percebem as padronizações de moda, as indumentárias, os adereços, as intervenções corporais entre os(as) estudantes? Aproveite a oportunidade para debater sobre como pensar isso criticamente. Lembre-se de anotar suas considerações e registrar esse momento. Você pode fazer, inclusive, um vídeo apresentando a escolha dos(as) alunos(as), utilizando, para isso, um aparelho celular, uma câmera fotográfica ou outro recurso disponível. A escolha é sua! Caso a escola tenha um espaço de interação na internet (como uma página no Facebook), você pode hospedar esses registros para que possam ser visualizados pelos(as) demais estudantes da escola.

Passo 4 - Finalmente, convidamos você a compartilhar essa experiência com seus(suas) colegas cursistas e discutir os pontos mais interessantes vividos na atividade.

 

 

Bom debate!


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