A síntese que fizemos das ideias de Maria do Céu Roldão ajuda-nos a compreender a natureza do fazer e do saber docente, contribuindo para delinearmos algumas diretrizes gerais para a formação continuada de professores(as) orientada à integração das TDIC na escola.
Destacamos primeiramente que os projetos de formação precisam recriar o diálogo aberto e profícuo entre professores(as) e formadores(as). Diálogo esse tão necessário para que os(as) professores(as) reconstruam sua identidade profissional na medida em que se reconheçam como sujeitos protagonistas de sua prática e da cultura.
Outra diretriz que se destaca aponta para o fato de que o lugar da formação continuada precisa ser a escola, sendo papel do(a) formador(a) promover a organização de reflexões coletivas. Tais reflexões não devem incidir somente sobre os resultados das práticas, mas também devem contemplar todo o ciclo da ação didática, desde o planejamento, passando pelo registro da execução, pela reflexão crítica, pela avaliação, até a socialização dos resultados.
Por isso, a formação deve ser dirigida ao coletivo da escola, e não a um(a) professor(a) isoladamente, principalmente quando se tratar da integração das TDIC ao currículo, uma vez que esse processo impacta toda a instituição: “A inserção das tecnologias digitais no trabalho pedagógico precisa ser refletida no Projeto Político Pedagógico das Escolas e das redes de Ensino, uma vez que demandam reorganizações curriculares, mudanças estruturais, tempo coletivo para estudo, planejamento e avaliação e estabilidade do quadro de profissionais.” (RAMOS et al, 2013, p. 14).
Como espaços de reflexão, as Escolas de Ensino Fundamental e Médio são também espaços de produção de conhecimento, e não espaços destinados apenas à prática. Esses conhecimentos são criados ao estabelecerem-se vínculos entre as práticas realizadas e os princípios de teorias pedagógicas subjacentes, desvelando e questionando intencionalidades, concepções prévias, crenças implícitas e naturalizadas. Assim, a formação continuada deve ser orientada pelos princípios da ação-reflexão-ação (investigação-ação).
Desse modo, as universidades podem e devem ser parceiras nos projetos de formação, respeitando e incentivando a reflexão, o registro e a circulação dos saberes produzidos nas escolas, uma vez que as universidades são “o local em que circulam as informações mais recentes, as novas tendências e buscas nas mais diferentes áreas do conhecimento” (COSTA, 2004, p. 67).