Começamos este momento de estudos com a convicção da necessidade de fortalecer a escola pública, pois ela constitui-se como um “[...] espaço de encontro das trajetórias socioculturais das maiorias e, portanto, é nela que se produz a mais ampla e permanente transformação da cotidianidade social e cultural cujos protagonistas são os excluídos. Daí também que a escola possa e deva ser o lugar mais aberto do desenvolvimento da inteligência coletiva e das biografias educativas.” (MARTÍN-BARBERO, 2014, p. 11).
Ao mesmo tempo, queremos lembrar uma das principais críticas feitas à escola: o desconhecimento dos saberes e das narrativas que acontecem fora do contexto escolar, pois consideramos que “é a partir deles que se torna possível vislumbrar e assumir a envergadura cultural que atravessa a sociedade-mundo na alvorada deste desconcertado e desconcertante segundo milênio.” (MARTÍN-BARBERO, 2014, p. 15).
Neste ponto está a importância estratégica de a escola assumir para si a tarefa de apropriar-se crítica e criativamente das TDIC. Só assim ela participará de modo ativo na acelerada reconfiguração de saberes e narrativas e no desenvolvimento de projetos que considerem e respeitem os principais aspectos da vida de crianças e jovens – e interajam com eles –, apontados como: a desterritorialização e o anonimato urbano; a reconfiguração de identidades; os hibridismos nas artes e nas linguagens, com a necessidade de novos letramentos; a reorganização de saberes (novas ênfases e novos conteúdos, novas formas de produção de conhecimentos, de circulação e de compartilhamento).
Martín-Barbero e Garcia Canclini aportam-nos alguns elementos teóricos para repensarmos nosso agir como formadores(as) na integração das TDIC na escola. Martín-Barbero refere-se ao surgimento de um ecossistema comunicativo regido por outras modalidades e outros ritmos de aprendizagem. Esse novo entorno caracteriza-se por descentramento e destemporalização em relação aos sistemas formais, gerando transformações fundamentais.