A multimídia consiste na hibridação, quer dizer, na mistura de linguagens, processos sígnicos, códigos e mídias. Infelizmente, têm sido pouco lembradas e trabalhadas as mudanças substanciais na constituição das linguagens humanas que o mundo digital introduziu e que se manifestam nas misturas inextricáveis entre o verbal, o visual e o sonoro. O ciberespaço se apropria e mistura, sem nenhum limite, todas as linguagens preexistentes: a narrativa textual, a enciclopédia, os quadrinhos, os desenhos animados, o teatro, o filme, a dança, a arquitetura, o design urbano etc. Nessa malha híbrida de linguagens, nasce algo novo que, sem perder o vínculo com o passado, emerge com uma identidade própria: a multimídia.
Quando apertamos o botão e começamos a manipular, pelo mouse ou pelo toque, quaisquer das interfaces computacionais, grandes ou pequenas, de que hoje dispomos, o que aparece aos nossos olhos, ouvidos e à nossa mente? Uma enxurrada dos mais distintos tipos de signos moventes, reagentes, sensíveis às intervenções que neles fazemos. As telas enchem-se de sinais de orientação, de imagens, fotos, desenhos, animações, sons de distintas espécies e certamente de palavras, legendas e textos. Essas aparições dependem da interatividade do agente-usuário, que vai conectando informações por meio de links.
Ao se fundir com a multimídia, o hipertexto torna-se hipermídia, quer dizer, os nós, que nos remetem a outros documentos, não são mais necessariamente textuais, mas nos conduzem a fotos, vídeos, músicas etc. Essa mistura densa e complexa de linguagens, feita de hipersintaxes multimídia - povoada de símbolos matemáticos, notações, diagramas, figuras, também povoada de vozes, música, sons e ruídos - inaugura um novo modo de formar e configurar informações, uma espessura de significados que não se restringe à linguagem verbal, mas se constrói por parentescos e contágios de sentidos advindos das múltiplas possibilidades abertas pelo som, pela visualidade e pelo discurso verbal. Isso parece dar guarida à hipótese de que, nas raízes de todas as misturas possíveis de linguagens, encontram-se sempre três matrizes fundamentais: a verbal, a visual e a sonora, em todas as variações que cada uma delas realiza.
Para compreendê-la, é preciso dar o pulo do gato da superfície das mídias digitais para os interiores de suas linguagens, para neles encontrarmos processos sígnicos de alta complexidade, misturas entre linguagens dos mais variados gêneros e espécies que, desde o momento em que o computador acolheu uma pletora de linguagens em seus processamentos, têm sido chamadas de hipermídia. Quando a WWW, a interface gráfica de usuários, foi incorporada às redes, a hipermídia tornou-se a linguagem que lhe é própria, uma linguagem tecida de multiplicidade, heterogeneidade e diversidade de signos que passaram a coexistir na constituição de uma realidade semiótica distinta das formas previamente existentes de linguagem.
Cursista, como vimos durante este tópico, multimídia consiste na mistura de linguagens, processos sígnicos, códigos e mídias. Pensando nessa mistura de linguagens, sugerimos que você elabore, junto de seus(suas) alunos(as), diferentes versões de um mesmo tema. Esse tema pode ser embasado em um artigo de jornal, uma poesia ou conto.
A partir do texto escolhido, sugerimos que você divida seus(suas) alunos(as) em pequenos grupos e peça para os mesmos representarem esse texto utilizando outras linguagens, tais como uma encenação filmada, desenhos, história em quadrinhos, colagem e fotografias, podcast etc. Você pode se inspirar em tudo o que vimos até esse momento em nosso núcleo e construir as versões utilizando as múltiplas linguagens, além das relativas ao mundo digital.
Bom trabalho!