Dada sua plasticidade e a grande atração que exercem sobre os jovens, os games têm ocupado um posto privilegiado nas operações das narrativas transmídia. Para eles convergem adaptações, traduções e misturas dos mais distintos tipos de narrativas, especialmente das fantasias medievais e dos filmes.
De fato, a conversação dos games com outras mídias, especialmente filmes, é frequente. Muitos designers de games configuram elementos da história a partir de filmes existentes ou de gêneros literários, porque os games são muito aptos para se apropriar deles. Os games não apenas recontam as histórias, mas expandem nossa experiência prévia das narrativas e o modo de interpretá-las, por meio da imersão e interação. Muitas produções, desenvolvimentos e campanhas de filmes e games tornaram-se agora interconectados. Um bom exemplo é a série dos filmes Matrix, cujos games foram complementos dos filmes, expandindo certas cenas que não foram exploradas no cinema.
Os diretores do filme, os irmãos Wachowski, desenvolveram um projeto complexo cujo significado narrativo foi dividido em várias partes, como se cada parte da história estivesse contida em uma diferente plataforma midiática. Como estratégia de interação com o público, lacunas foram criadas nas histórias produzidas para cada uma das diversas mídias, histórias que se completariam e interconectariam apenas se os apreciadores de Matrix interagissem com os vários segmentos do projeto, ao assistir ao filme e aos curta-metragens, ao jogar os games e ler as histórias em quadrinhos.
Diferentes e variadas mídias são empregadas e necessárias para a transmissão de um conteúdo ficcional. Somente a integração entre várias partes pode dar conta dos sentidos envolvidos no complexo contexto narrativo.