Os exemplos aqui citados contam com as tecnologias digitais e a intervenção do(a) usuário(a), o(a) qual pode ser entendido(a) como se estivesse descrevendo para essa tecnologia o que ela deve fazer a cada ação e inserção de informação; ela, por sua vez, responde, executando o que foi solicitado.
Essa execução produz um resultado, que é observado e analisado pelo(a) usuário(a) com a finalidade de realizar uma nova ação, depurando o processo, de modo que esse ciclo se repita até que o objetivo seja atingido. Assim, é possível identificar um ciclo de ações que o(a) usuário(a) realiza na interação com as tecnologias digitais: descrição, execução, reflexão, depuração, nova descrição e assim por diante.
Para Valente (2005), o(a) aprendiz está realizando um ciclo de ações, porém essa não é a melhor maneira para expressar o movimento que representa o processo de aprendizagem.
Há um movimento gradual e ascendente que, por sucessivas aproximações, faz com que o(a) aprendiz vá construindo o resultado e entendendo seu processo. Valente (2005) acredita que tal movimento de aprendizagem seja melhor representado por uma espiral. Dessa forma, existe um ciclo de ações que é repetitivo, que cria uma espiral crescente de aprendizagem.
Ainda em Valente (2005), temos também a elucidação do papel do(a) educador(a) para que o processo de aprendizagem se concretize:
Espiral de aprendizagem representada pela interação entre aprendiz e computador.
"Do ponto de vista prático e, mais precisamente, do ponto de vista educacional, é impraticável pensarmos que tudo que uma pessoa deve saber tenha que ser construído de maneira individual, sem ser auxiliado. Como solução educacional, seria demasiadamente custosa e ineficaz já que o tempo para uma pessoa reconstruir os conhecimentos já acumulados seria enorme. Nesse sentido, a ideia da construção, como o próprio Piaget propôs, pode ser aprimorada se utilizarmos professores ou agentes de aprendizagem preparados para ajudar os alunos. (PIAGET, 1998). Esse auxiliar tem, entre outras funções, a de formalizar os conceitos que são convencionados historicamente. Sem a presença do professor ou do agente de aprendizagem, seria necessário que o aluno recriasse essas convenções" (VALENTE, 2005, p. 72).
A concepção de Valente (2005) a respeito do papel do(a) professor(a) afasta qualquer possibilidade de este(a) ser substituído pela máquina, uma discussão antiga que vai e volta quando se questiona o papel da escola em nosso contexto altamente tecnológico. Certamente quando se chega a essa questão, o conhecimento está sendo tomado por informação.
Quando a aprendizagem é vista como processo e também como resultado da interação entre aprendiz, outras pessoas em rede e objetos, em diferentes contextos, as TDIC podem contribuir sobremaneira, e a atuação do(a) professor(a) é fundamental para desafiar, estimular, sistematizar e funcionar como par mais qualificado no processo de construção do conhecimento que ocorre na interação social.
Não se questiona aqui a importância do papel do(a) professor(a) como mediador(a), mas a presença das tecnologias digitais traz desafios a esse(a) profissional quando ele(a) não vivenciou processos mediados pelas TDIC. A formação continuada nessa área é o caminho para que ele(a) agregue novas possibilidades de trabalho ao seu repertório e contemple principalmente a produção em linguagens diferenciadas, potencial que essas tecnologias trazem e que podem aproximar aprendizes de suas formas preferenciais de aprender e se expressar.
Como o(a) professor(a) pode incorporar as TDIC em sua rotina mesmo não tendo tanta familiaridade com elas?