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Tópico I - Socialização

Sociabilização Secundária

Cursista, após discorrer brevemente sobre as teorias do desenvolvimento da criança e dos processos de socialização primária, vamos conhecer agora um pouco da controvérsia sobre a socialização secundária. Como nos itens anteriores, tentaremos ser bastante sintéticos, mas não podemos deixar de reconhecer a complexidade das respostas. Também é preciso levarmos em conta que estas distintas perspectivas ou abordagens sobre socialização foram formuladas em contextos históricos que, em certa medida, as condicionaram. Comecemos então pela chamada perspectiva da interiorização (ou internalização) sobre os processos de socialização.

Os sociólogos e as sociólogas, desde os primórdios da disciplina, procuraram entender a reprodução da sociedade mesmo em contextos de acelerada mudança econômica, social e política. Ou seja, queriam entender os mecanismos que garantiam a manutenção de certas estruturas sociais a despeito de um conjunto de transformações aceleradas, como urbanização, industrialização, migrações internas e externas, mudanças de valores, entre outras.

Dentre os primeiros autores, os chamados “clássicos”, Emile Durkheim (1858-1917) pode ser considerado o precursor de uma longa tradição que vê a sociologia como a ciência das instituições, de sua gênese e de seu funcionamento, e pressupõe que somente a partir delas é possível compreender “toda crença, todo comportamento instituído pela coletividade”. Para Durkheim, as “maneiras de agir, de pensar e de sentir [são todas] exteriores ao indivíduo, dotadas de um poder de coerção em virtude do qual se lhe impõem” (DURKHEIM, 1974, p. 11). Ou seja, a sociedade “impõe” suas regras aos(às) indivíduos(as), e estes “incorporam” ou “interiorizam” a moralidade vigente, dado o poder coercitivo daquelas sobre nossas ações.

Em meados do século XX, essa tradição é bastante fortalecida por um conjunto de pesquisadores(as) que procuram entender processos como “escolarização”, “relação entre pares”, “adoção de comportamentos a partir da ocupação ou da profissão”, o “papel da mídia e da televisão”, da “política e das ideologias”.

 

 

 Também houve sociólogos que se preocuparam com a “ressocialização” de indivíduos(as) adultos que passaram por processos de desintegração de valores e padrões comportamentais anteriormente aceitos, e o papel de instâncias como presídios, manicômios, organizações militares, nesse processo. Em suma, há um conjunto de autores e autoras que destaca o papel das diversas agências de socialização envolvidas na formação do(a) indivíduo(a) e da própria sociedade.

 

Para Refletir

Cursista, o clipe e a música “Diário de um detento”, do grupo Racionais MC´s, expressa o cotidiano de um presidiário. Sociologicamente, podemos exercitar várias abordagens sociológicas para o mesmo fenômeno, qual seja, o encarceramento, a vida em instituições fechadas, como prisões, manicômios, internatos, conventos, etc.; ou seja, é possível que a mesma situação possa ser lida sob diferentes óticas.

Por enquanto, sugerimos que você assista ao clipe e vá elaborando, a partir do texto, algumas hipóteses sobre como poderíamos perceber o processo de socialização ali enquadrado.

Mais adiante, quando explorarmos as abordagens do distanciamento, podemos ter uma ideia mais clara das possibilidades de “lermos” a mesma realidade de diferentes maneiras.


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