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Tópico II - Identidades

Pensando as Culturas Juvenis

Caro(a) cursista, ao digitar as palavras “beat”, “teddy boys”, “mods”, “rockers”, “rockabilly”, “hippies”, “soul music 70s”, “punk”, “funk 80s” e “hip hop 80s” no Google, e selecionar a opção “imagens”, o que aparece são as sequências de fotos e imagens que você vê neste quadro. Evidentemente, a nossa preocupação aqui não é a de nos certificarmos  quanto à autenticidade dos documentos (no caso, imagens) que estamos analisando. Aqui, estamos diante de uma simples reunião de imagens mais ou menos aleatória. Afinal, os resultados que obtivemos são, apenas, o registro imagético que as “ferramentas de busca” (Search engine), e que funcionam à base de “algoritmos” específicos criados pelas grandes empresas de serviços online e de software – a exemplo do Google, ou do Yahoo –, criaram, a partir deste gigantesco banco de dados chamado World Wide Web. Isso significa que o “sistema” selecionou estas fotos a partir do que milhares de pessoas anônimas “postaram” na rede, e ao “nomearem” seus arquivos, o sistema foi capaz de “entendê-las” e “agrupá-las” em conjuntos mais ou menos coerentes entre si.

O cuidado a que nos referimos diz respeito ao fato de que não estamos em busca da “autenticidade” destas imagens, mas sim do que elas nos dizem acerca do “imaginário social”, das “representações sociais” dos jovens em diferentes períodos. Como veremos adiante, essa recomendação faz sentido quando, no “senso comum”, falamos de “tribos urbanas” ou simplesmente “tribos” para nos referir à tendência dos(as) jovens de se agruparem. Cada palavra que utilizamos na busca online implicou o passado, e implica contemporaneamente, sonoridades, estilos de vestimentas, formas de comportamento, consumo de mercadorias, atitudes e valores específicos, conforme a época, o lugar, a origem social, a pertença étnica. Em suma, implicam identidades e identificações. E, mais especificamente, identidades construídas por “jovens”, inclusive de diferentes “faixas etárias”.

Agora, se compararmos todas as fotos anteriores, com as imagens a seguir, quando digitamos as palavras “jovens 1940”, as diferenças são gritantes:

Jovens (1940).

Cursista, perceba que, em primeiro lugar, é sintomático o fato de não termos digitado nenhum “movimento cultural” específico que dissesse respeito a sociabilidades entre jovens: simplesmente, essas identificações não faziam muito sentido para o período. Segundo, algumas imagens de fato expressam indivíduos com aparência jovem, outras nem tanto, mas os(as) jovens que aí figuram estão, em várias circunstâncias, agrupados(as) em família, ou em escolas, clubes e associações, isto é, em “espaços simbólicos” muito bem demarcados e caracterizados como “espaços adultos”, isto é, sem qualquer especificidade normalmente associada à juventude como marca própria, digamos. Bem diferente das imagens lá do início, nas quais os(as) jovens aparecem reunidos(as) em torno de seus “iguais” no modo de se vestir, no seu estilo, nos seus circuitos e espaços de convívio. Isso não significa que os lugares de socialização tradicionais, como família, escola, trabalho etc., da mesma forma que identidades de classe e etnia, tenham desaparecido ou diminuído de importância. Significa simplesmente que, ao lado desses últimos, as culturas juvenis, a partir da década de 1950, criaram outras formas de socialização e identificação.

Ao final do item anterior, vimos que, entre as condições materiais que permitiram a emergência dessas culturas juvenis, estão a consolidação de uma indústria cultural e a ampliação de um mercado consumidor de bens simbólicos em diversas sociedades ocidentais. Mas como poderíamos compreender o agrupamento de jovens em torno de estilos próprios e carregados de símbolos no que vestem, no que consomem e nas identidades distintivas entre si? É o que nos propomos discutir a seguir.


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