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Tópico II - Identidades

Visões Paradisíacas sobre o Brasil

Cursista, pode-se dizer que as visões otimistas e muitas vezes paradisíacas ou “edênicas” (de eden = paraíso) sobre o Brasil surgiram desde o “descobrimento”, com a carta de Pero Vaz de Caminha em 1500, e foram expressas de modo exemplar por Rocha Pita, em História da América Portuguesa, publicada em 1730. Assim, desde a Era Colonial à contemporaneidade, tais imagens foram veiculadas de diversas maneiras na literatura, nas artes plásticas, na música, no cinema, na propaganda. O traço comum delas é a valorização da beleza de nossa terra, dos seus recursos naturais, do “exotismo” de nossa fauna e flora, bem como do caráter “pacífico e ordeiro” do povo”, da ausência de revoluções ou rupturas, entre outras mistificações. Todas elas compõem um discurso que ainda hoje se faz presente, muito embora, como veremos, tenha sido ressignificado por narrativas que criticam e questionam tais idealizações. Essas questões podem ser observadas em diferentes produções culturais, como as dispostas no infográfico a seguir. Elas foram produzidas em diferentes contextos históricos, mas têm em comum o fato de expressarem o Brasil a partir de uma visão paradisíaca, na qual a “natureza” é idealizada como um símbolo que unifica a diversidade e o conflito. Veremos como muitas dessas representações foram depois questionadas, negadas ou ressignificadas por diferentes grupos sociais. Assim, um bom exercício é memorizarmos essas representações, bem como suas expressões artísticas e musicais, e depois compará-las com outros símbolos criados contemporaneamente.

“Em nenhuma outra região se mostra o céu mais sereno, nem madruga mais bela a aurora; o sol em nenhum outro hemisfério tem raios tão dourados, nem os reflexos noturnos tão brilhantes; as estrelas são mais benignas e se mostram sempre alegres; os horizontes, ou nasça o sol, ou se sepulte, estão sempre claros; as águas, ou se tomem nas fontes pelos campos, ou dentro das povoações nos aquedutos, são as mais puras; é enfim o Brasil Terreal Paraíso descoberto, onde tem nascimento e curso os maiores rios; domina salutífero clima; influem benignos astros e respiram auras suavíssimas, que o fazem fértil e povoado de inumeráveis habitadores.” (ROCHA PITA, 1730, p. 3-4, apud CARVALHO,1998, p. 2).

 

 

 

 

 

Sugestão de Atividade 2.1: Construindo um Banco de Dados

Cursista, apresentamos acima uma seleção bastante restrita. Há disponíveis na internet centenas de outros exemplos desse discurso ao longo do tempo. Sugerimos que você, individualmente ou em grupo, colete novos exemplos e construa um banco de imagens, vídeos curtos, filmes, músicas e textos em que as temáticas desenvolvidas no tópico se expressem. Como essa atividade poderá ser aproveitada também em outros momentos mais a frente, vocês poderão organizar tantos bancos de informações quanto sejam os tópicos a serem desenvolvidos, nomeando-os para facilitar o acesso.

Pensamos que isso poderá facilitar a construção futura de diferentes debates sobre o conceito de "identidade". Por exemplo, discutindo o fato de que os seus alunos(as) podem não compartilhar de diferentes identidades (como a identidade étnica), mas, simultaneamente, compartilhem a identidade nacional. O importante é sinalizarmos que todas essas identidades são, histórica e socialmente, construídas. Além disso, um dos debates mais importantes que podem ser construídos a partir desse material é a forma com que essas identidades nacionais se constroem e/ou se alteram com o uso das diferentes tecnologias, tanto as atuais como aquelas que, no passado, eram disponíveis.


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