Em meados do século XIX, com o movimento “romântico” na política, na literatura, nas artes plásticas e na música, nascido na Europa e com repercussão no Brasil, procurou-se valorizar traços característicos do nosso país, algo que nos singularizasse diante de outros povos e nações. Um dos principais resultados desse empenho foi o “indianismo”, movimento literário e artístico que teve como um dos principais precursores o escritor José de Alencar (1829-1877). No livro Iracema, de 1865, é feita uma representação heróica do(a) “índio(a)” brasileiro(a), atribuindo-se a ele(ela) o tipo formador da nação e símbolo maior do povo.
O indianismo foi também expresso nas artes plásticas e na música, de que são exemplares as obras de Vitor Meirelles (1832-1903) e Carlos Gomes (1836-1896). Na esteira do movimento romântico, outros escritores procuraram em outras etnias ou segmentos populacionais a “essência” do povo brasileiro, como se buscassem descobrir, na verdade, o elemento mais “legítimo” a nos diferenciar.
Assim, Silvio Romero (1851-1914) afirmava que o tipo brasileiro por excelência seria o “mestiço”, resultado da fusão de várias etnias e povos distintos, com preferência para a mescla de sangue branco e indígena. Euclides da Cunha (1866-1909) viu no “sertanejo” o representante que melhor encarnaria a “essência” da nação, em razão de sua força e resistência física a condições adversas.
Nessas representações, tanto o “índio” e o “mestiço” quanto o “sertanejo” são, muitas vezes, versões idealizadas e romantizadas, tidos como detentores de um passado mítico enobrecido, não correspondendo, necessariamente, às reais etnias e populações a que se referem.
Vídeo com a ópera: “O Guarani”, Carlos Gomes (1870)
Euclidianas (“Os sertões”). Vida e obra de Euclides da Cunha
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Índia, da pele morena
Tua boca pequena, eu quero beijar.
Índia, sangue Tupi, tens o cheiro da flor
Vem, que eu quero te dar todo meu grande amor.
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