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Tópico III - Sociologia e TDIC em Sala de Aula

Pensando a construção do conhecimento

Cursista, pensando as reflexões levantadas por Peter Burke na tela anterior, podemos dizer que haveria ainda um aspecto “político” oculto na própria pergunta sobre o que é conhecimento: “quem tem autoridade para decidir” o que ele é? Não seria melhor falarmos em “conhecimentos”, no plural? Ainda segundo Peter Burke, interações entre conhecimento acadêmico e conhecimentos práticos existem desde o advento da Modernidade. Por isso, hoje, tanto as especializações como as generalizações podem ser compreendidas à luz de uma “história polifônica dos conhecimentos”, uma vez que “conhecimentos no plural, tal como as opiniões, são desejáveis, [e] o entendimento surge do diálogo e mesmo do conflito intelectual” (BURKE, 2012, p. 17).

De acordo com o filósofo e pesquisador das relações entre cultura, hipermídia e cibernética Pierre Lévy, diante da era da “Cultura Digital” ou, nos termos dele, “Cibercultura” contemporânea, o desafio de se estabelecer uma nova relação com o “saber” se torna ainda mais contundente.

Dentre as mutações recentes na relação com o saber, a velocidade quanto ao surgimento e renovação dos saberes práticos cotidianos apresenta uma realidade na qual “a maioria das competências adquiridas por uma pessoa no início de seu percurso profissional estarão obsoletas no fim de sua carreira” (LÉVY, 1999, p. 157).

Dentre as mutações recentes na relação com o saber, a velocidade quanto ao surgimento e renovação dos saberes práticos cotidianos apresenta uma realidade na qual “a maioria das competências adquiridas por uma pessoa no início de seu percurso profissional estarão obsoletas no fim de sua carreira” (LÉVY, 1999, p. 157).

Tal situação também vem alterando a própria natureza do trabalho, cuja parte de transação de conhecimentos não para de crescer: “trabalhar quer dizer, cada vez mais, aprender, transmitir saberes e produzir conhecimentos” (Idem). Por fim, o ciberespaço suporta tecnologias intelectuais que amplificam, exteriorizam e modificam numerosas “funções cognitivas humanas: memória (bancos de dados, hiperdocumentos, arquivos digitais de todos os tipos), imaginação (simulação), percepção (sensores digitais, telepresença, realidades virtuais), raciocínios (inteligência artificial, modelização de fenômenos complexos)” (Idem).

Nesse sentido, as tecnologias intelectuais favorecem tanto novas formas de acesso à informação, como novos estilos de raciocínio e de conhecimento. Nos termos de Lévy, o saber-fluxo, o trabalho-transação de conhecimentos e as novas tecnologias de inteligência individual e coletiva vêm mudando profundamente nossa relação com a educação e a formação:


O que é preciso aprender não pode mais ser planejado nem precisamente definido com antecedência. Os percursos e perfis de competência são todos singulares e podem cada vez menos ser canalizados em programas ou cursos válidos para todos. Devemos construir novos modelos do espaço dos conhecimentos. No lugar de uma representação em escalas lineares e paralelas, em pirâmides estruturadas em ‘níveis’, organizadas pela noção de pré-requisitos e convergindo para saberes ‘superiores’, a partir de agora devemos preferir a imagem de espaços de conhecimentos emergentes, abertos, contínuos, em fluxo, não lineares, se reorganizando de acordo com os objetivos ou os contextos, nos quais cada um ocupa uma posição singular e evolutiva. (LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999. p. 158)

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