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Tópico III - Sociologia e TDIC em Sala de Aula

Cibercultura

Cursista, continuando essa discussão é fundamental dizer que, dentre os novos modos de conhecimento trazidos pela Cibercultura, segundo Pierre Lévy, a simulação ocupa um lugar central, na medida em que esta tecnologia intelectual amplifica a imaginação individual, permite que grupos compartilhem e refinem modelos mentais comuns qualquer que seja a complexidade deles, aumenta e transforma determinadas capacidades cognitivas como memória, cálculo e raciocínio, etc. A simulação é uma ajuda à memória de curto prazo e que, diferente de imagens fixas, textos ou tabelas numéricas, permite a seus usuários potencializar a capacidade de ler dinâmicas complexas, variar parâmetros de um modelo e observar visualmente as consequências dessa variação.

O compartilhamento, igualmente potencializado pela Cibercultura, interfere diretamente na inteligência coletiva, isto é, a “sinergia entre competências, recursos e projetos, a constituição e manutenção dinâmicas de memórias em comum (...), modos de cooperação flexíveis e transversais, a distribuição coordenada de centros de decisão [que se opõem] à separação estanque entre as atividades, às compartimentações, à opacidade da organização social” (Idem, p. 29).

Evidentemente, os efeitos da chamada Cibercultura e das tecnologias que lhe acompanham não são unidimensionais, exclusivamente benéficas ou imunes a relações de poder.

 

O isolamento social, a dependência excessiva, o reforço de práticas monopolistas sobre o uso da internet, o aumento da exploração do trabalho e mesmo a “bobagem coletiva” – isto é, aquela que impregna as redes sociais de rumores, fofocas, perda de privacidade e formas de cyberbullying –, estão entre os efeitos considerados “venenosos” da Cibercultura.

 

Refletindo

As imagens acima expressam situações cada vez mais comuns, não apenas na sociedade brasileira, mas num contexto global. A excessiva dependência perante as redes sociais virtuais, a exposição e perda de privacidade, bem como formas de agressão na internet – como o cyberbullying –, caracterizam atitudes que, evidentemente, existem nas relações face a face cotidianas, mas são potencializadas e “viralizadas”, às vezes repercutindo mundialmente quando disseminadas pela Internet.

Nesse sentido, cursista, um bom exercício seria você reunir-se com os demais cursistas e simplesmente conversar a respeito destas práticas em seu convívio cotidiano, começando por perguntar aos colegas se já presenciaram formas de dependência excessiva diante das redes sociais, ou se já constataram formas de intolerância ou cyberbullying envolvendo seus estudantes e/ ou professores(as) nos espaços escolares. É importante relembrar que atos de intolerância e violência (física e/ou psicológica; dentro e/ou fora da internet) não são próprios do universo estudantil. Muitas dessas práticas também podem ser encontradas nas relações entre professores(as) e núcleos gestores, que não raramente se utilizam de práticas intolerantes na construção de relações que coordenam o cotidiano escolar, especialmente quando se referem ao universo estudantil. Esse é um elemento que também precisamos debater.

A conversa que propomos seria, no caso, uma primeira percepção desses e de outros fenômenos relacionados à internet, e também, de seus desdobramentos na vida escolar. Entendemos que esse é um tema importante para uma posterior reflexão de caráter sociológico sobre as motivações, os efeitos e as consequências, tanto individuais como coletivas desses atos de intolerância e violência.

Nesse sentido, seria interessante nos apropriarmos de diferentes discussões que tivemos até aqui, particularmente aquelas sobre sociabilização, identidade e alteridade, no sentido de as explorarmos mediante uma análise sociológica e, consequentemente, pensá-las em termos de relações éticas e políticas que estabelecemos em nossa comunidade escolar. Quem sabe, até mesmo vocês possam discutir sobre medidas que tomariam caso se deparassem com formas de agressão, como o cyberbulling, e de intolerância que podem perpassar as nossas realidades escolares.

Boa conversa!


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