Um dos equívocos mais frequentes e perniciosos entre os teóricos e críticos da cultura e, em especial, entre os educadores, é o de considerar o computador como uma ferramenta. Ora, um computador não se assemelha a um projetor de slides, um retroprojetor, um walkman, um gravador de som etc.
Uma ferramenta é um instrumento ou veículo para facilitar uma ação que, sem a ferramenta, envolveria muito esforço e gasto de energia.
Os computadores, ao contrário, são aparelhos inteligentes, máquinas semióticas que funcionam por meio de programas (softwares). Estes também não são meras ferramentas, pois são igualmente dotados de inteligência. Em função disso, foram capazes de introduzir na realidade um novo espaço: a esfera informacional.
Portanto, em nada comparáveis a uma ferramenta, o computador e a internet constituem-se no mais recente e hipercomplexo sistema semiótico, que funciona graças a técnicas e tecnologias que externalizam e organizam o pensamento humano para comunicar, armazenar, recuperar e processar informação.
Além de não serem uma ferramenta, o computador e a internet também não se reduzem a uma tecnologia, mas são partes de uma cadeia evolutiva de linguagens, cada uma com seus processos específicos de criação de sentido. Ademais, como formas de linguagem, o computador e a internet também mudam a noção mesma do que define e constitui uma linguagem.
Mais do que mídias, os computadores são metamídias que abrigam todos os outros tipos de mídias, estas constituídas por linguagens das mais diversas naturezas. Como se não bastasse, o computador é uma metamídia comunicacional de alcance planetário (ver tópico III, O Computador como Metamídia). Por isso, a integração das bases de dados e a busca hipermidiática constituem-se em um dos problemas centrais na epistemologia do século 21, com profundas implicações nos processos de ensino e aprendizagem.
